Dionéia Martins
Mato Grosso do Norte

A cena registrada desde a semana passada no Córrego Severo, nos fundos do bairro Vila Nova, em Alta Floresta, deixou moradores alarmados: dezenas de peixes de diferentes espécies apareceram mortos, boiando ou acumulados às margens do curso d’água. Entre eles, exemplares de piranhas, traíras, lambaris, piaus, curimbas, cara-açús e até cacharas, peixe de grande porte bastante apreciado na região.
A situação mobilizou denúncias e especulações sobre uma possível contaminação química. No entanto, após vistoria no local, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, em parceria com a Sema, descartou a hipótese de crime ambiental.
Segundo a secretária Gercilene Meira, os técnicos percorreram trechos a montante e a jusante do córrego para verificar indícios de despejo irregular de resíduos ou efluentes. “Não encontramos sinais de poluição. Os peixes mortos estavam concentrados em um ponto específico de água parada, o que indica falta de oxigenação devido às altas temperaturas e ao período de estiagem”, explicou.
Apesar da preocupação da população com a demora na retirada dos animais, a gestora esclareceu que não há risco de contaminação. “Os peixes em decomposição se transformam em nutrientes. Além disso, para removê-los seria necessário destinar os resíduos a um aterro sanitário, o que não temos em Alta Floresta. O mais próximo fica em Sinop”, disse.
Outro fator que gerou críticas foi a ausência de testes laboratoriais para identificar a qualidade da água. A secretária justificou que não há estrutura em Alta Floresta para realizar esse tipo de exame, que demandaria envio das amostras a Cuiabá e como não foi encontrado vestígios de contaminação, não haveria necessidade.

Para Gercilene, o episódio deve ser entendido como um reflexo direto das mudanças climáticas. “Muitas vezes se pensa que a crise climática está distante de nós, mas já sentimos seus efeitos aqui, no coração da Amazônia. O aumento das temperaturas e a redução no volume dos rios impactam tanto a fauna aquática quanto a vida humana”, ressaltou.
A gestora reforçou ainda a importância da conscientização coletiva. “Precisamos evitar queimadas, desmatamento e poluição. São medidas essenciais para reduzir os danos ambientais, não apenas em Alta Floresta, mas em todo o planeta”.
A expectativa é de que, com a chegada das primeiras chuvas, o volume de água volte a subir e o oxigênio se restabeleça, trazendo novo fôlego ao Severo.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *