• Satélite franco-chinês SVOM detectou surto de raios gama de 13 bilhões de anos atrás.
  • James Webb Space Telescope analisou o sinal, revelando semelhanças com supernovas modernas.
  • Descoberta desafia teorias sobre a formação das primeiras estrelas e a Era da Reionização.

Um sinal originado há cerca de 13 bilhões de anos, quando o Universo ainda estava em sua infância, foi recentemente analisado com o auxílio do James Webb Space Telescope (JWST), revelando descobertas que podem mudar a compreensão sobre a formação das primeiras estrelas e a evolução cósmica.

A detecção do fenômeno foi feita pelo satélite franco-chinês SVOM (Space-based multi-band astronomical Variable Objects Monitor), que registrou um surto de raios gama — um clarão de energia colossal com duração aproximada de 10 segundos. Esse tipo de evento é considerado um dos mais energéticos do Universo e costuma estar associado a explosões estelares extremamente violentas.

O fenômeno exigiu a capacidade de observação extremamente precisa do telescópio espacial, considerado o mais avançado já construído. Segundo Andrew Levan, professor da Universidade Radboud, na Holanda, e autor principal do estudo, o James Webb foi essencial para examinar em detalhe a origem e as características do sinal, que está diretamente ligado à expansão do Universo e aos eventos que marcaram seus primeiros bilhões de anos.

Os astrônomos aguardaram até 1º de julho, mais de três meses após a detecção inicial, para direcionar o telescópio à fonte do sinal. Esse intervalo não foi aleatório: tratava-se do momento exato em que o brilho da supernova atingiria seu pico máximo, permitindo uma análise espectral mais precisa com os instrumentos do JWST.

A observação remete à chamada Era da Reionização, período em que as primeiras estrelas e galáxias começaram a iluminar o Universo após a chamada “idade das trevas”. Os cientistas acreditavam que as estrelas dessa época fossem quimicamente muito diferentes das atuais, contendo quantidades significativamente menores de elementos pesados — conhecidos como metais na astronomia — e que morressem de maneira distinta.

No entanto, os dados coletados pelo James Webb surpreenderam a comunidade científica. A análise espectral revelou uma supernova que, em praticamente todos os aspectos, se assemelha às explosões estelares observadas no Universo moderno. Essa semelhança indica que processos estelares complexos já estavam ocorrendo muito mais cedo do que as teorias previam.

A descoberta sugere que as chamadas “fábricas estelares” do Universo primordial podem ter sido capazes de produzir eventos sofisticados desde os seus primeiros momentos. Para os pesquisadores, o achado reforça a importância do James Webb na revisão de modelos sobre a origem das estrelas, das galáxias e da própria estrutura do cosmos.


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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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