Nesta quarta-feira (27), após mais de quatro meses, chegou ao fim o mistério da
contaminação que atingiu um casal e uma idosa após consumirem uma torta de frango de uma padaria no bairro Serrano
, na Região da Pampulha: toxina botulínica. A conclusão foi divulgada pela Polícia Civil em coletiva de imprensa. A idosa, de 75 anos, morreu em maio.

Em abril, quando a suspeita da doença já havia sido levantada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a reportagem da Itatiaia conversou com o infectologista Carlos Starling, que explicou o que é o botulismo, como ocorre a contaminação e quais medidas podem prevenir o problema. Reveja:

Segundo Carlos Starling, o botulismo é uma doença rara e muito grave causada por uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. ”Essa toxina leva à paralisia muscular e, posteriormente, à paralisia respiratória, podendo resultar em morte”, disse.

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Isso porque a toxina interfere na função dos nervos: “A toxina bloqueia a liberação de acetilcolina, uma substância fundamental para a contração muscular, causando fraqueza e paralisia dos músculos, especialmente os respiratórios, levando à insuficiência respiratória aguda”, informou.

Alguns dos primeiros sintomas da doença são fraqueza muscular, alteração da visão (visão turva), dificuldade para engolir e falar. “Em casos graves, ocorre paralisia respiratória, paralisia muscular generalizada e parada cardiorrespiratória, que pode ser fatal se não houver atendimento imediato”, explicou.

Outros sintomas

  • Ausência ou diminuição dos reflexos do tendão profundo;
  • Ausência ou diminuição do reflexo faríngeo;
  • Pálpebra caída;
  • Perda da função/sensibilidade muscular;
  • Intestino paralisado;
  • Comprometimento da fala;
  • Retenção urinária com possível incapacidade de urinar

Fonte: Ministério da Saúde

A transmissão

De acordo com o especialista, as formas de transmissão são ingestão de alimentos contaminados, infecção de feridas (cirúrgicas ou acidentais), ingestão de esporos em bebês (botulismo infantil) e, raramente, administração inadequada da toxina em procedimentos médicos.

Comida contaminada, diz Starling, é a forma de transmissão mais comum e é o que poderia explicar a relação da torta de frango com a intoxicação da família.

“Alimentos enlatados em casa e alimentos fermentados inadequadamente são mais propensos à contaminação. Latas com validade vencida são indicativos de possível presença da toxina”, informou.

O Ministério da Saúde cita que os alimentos mais comumente envolvidos são:

  • conservas vegetais, principalmente as artesanais (palmito, picles, pequi);
  • produtos cárneos cozidos, curados e defumados de forma artesanal (salsicha, presunto, carne frita conservada em gordura – “carne de lata”);
  • pescados defumados, salgados e fermentados;
  • queijos e pasta de queijos e
  • alimentos enlatados industrializados.

Fonte: Ministério da Saúde

Segundo Carlos Starling, a mortalidade era muito alta no passado, chegava a 50% dos infectados. Hoje, com tratamento precoce, varia em torno de 5 a 10%.

“O tratamento é feito com antitoxina, suporte de ventilação mecânica, terapia intensiva. Para intoxicação por infecção de ferida, é necessário o uso de antibióticos. O diagnóstico precoce e o início precoce do tratamento são fundamentais e definem o prognóstico”, disse.

Prevenção

Fonte: Ministério da Saúde

A relação da bactéria e do Botox

O Botox é feito a partir da toxina botulínica — uma proteína produzida pela bactéria Clostridium botulinum. “Uma forma purificada e extremamente diluída da toxina botulínica é usada para paralisar temporariamente músculos, principalmente da face, para suavizar rugas”, explicou Starling. Também é usada tratar espasmos musculares e alterações na bexiga.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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