Júlio Moreira

Sadako Sasaki tinha apenas 2 anos de idade quando, em 6 de agosto de 1945, a bomba atômica lançada sobre Hiroshima explodiu a cerca de 1,6 quilômetro de sua casa. Ela sobreviveu à explosão inicial sem ferimentos aparentes. Por anos, cresceu saudável e cheia de energia – apaixonada por corrida e conhecida por sua alegria. Mas a bomba ainda a perseguia.

Em 1954, quase uma década depois da explosão, Sadako começou a sentir cansaço, tonturas e apresentar manchas roxas pelo corpo. Foi diagnosticada com leucemia, uma das chamadas “doenças da bomba atômica”, causadas pela exposição à radiação. Tinha apenas 12 anos.

Internada no hospital da Cruz Vermelha de Hiroshima, Sadako se agarrou a uma antiga lenda japonesa: quem dobrar mil tsurus de origami (a ave-símbolo da longevidade e da paz) terá seu desejo realizado pelos deuses. Ela começou, então, a dobrar as graciosas aves com qualquer pedaço de papel que encontrava – embalagens, rótulos, papéis de presente.

Algumas versões contam que Sadako dobrou mais de mil tsurus; outras, que faleceu antes de completar o número. O que é certo é que sua esperança atravessou as paredes do hospital e tocou todos ao seu redor. Mesmo debilitada, continuava dobrando, acreditando que podia viver. Seu desejo era simples: “Espero ficar boa”.

Sadako morreu em 25 de outubro de 1955, aos 12 anos. Sua história comoveu o Japão e o mundo. Seus colegas de escola, mobilizados pela dor e pelo desejo de manter sua memória viva, iniciaram uma campanha que resultou na construção de um monumento à paz das crianças no Parque Memorial da Paz de Hiroshima. Inaugurado em 1958, o monumento exibe Sadako no topo de uma torre, segurando um tsuru dourado. Nele está gravada a frase:

“Este é o nosso grito. Esta é a nossa oração. Paz no mundo.”

Desde então, milhões de pessoas – especialmente crianças – enviam guirlandas com tsurus de origami para Hiroshima todos os anos. A história de Sadako se tornou um dos símbolos mais universais contra a guerra nuclear, ensinando que mesmo um gesto frágil, como dobrar papel, pode carregar força, fé e resistência.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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