Em uma declaração nesta segunda-feira (23) depois da reunião com o ministros iranianos, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse que o Irã tem todo o direito à autodefesa. Ele também chamou a parceria estratégica entre os dois países de ‘inquebrável’.
Ao ser questionado se o Irã solicitou assistência militar russa, Ryabkov afirmou à agência de notícias Interfax que o trabalho dos dois países era em ‘diversas áreas’ e que ‘seria irresponsável revelar mais detalhes sobre sua cooperação’.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta segunda-feira (23) em um encontro com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, em Moscou, que a Rússia estava pronta para ajudar o povo iraniano e que a agressão contra o Irã era ‘infundada’.
Os dois países iriam realizar negociações em busca de uma cooperação após o Irã ser atacado no fim de semana pelos Estados Unidos.
Putin também afirmou que desejava os ‘melhores votos’ para o líder religioso supremo iraniano, Ali Khamenei.
Araqchi agradeceu à Rússia por condenar as ações contra o Irã e disse que o país estava do lado certo da história.
Também nesta segunda (23), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o ataque dos EUA teria aumentado ‘o número de integrantes’ no conflito entre Israel e Irã, além de inaugurar uma ‘nova espiral de escalada’ na região.
EUA diz que tiraram a capacidade do Irã produzir uma bomba nuclear
Trump e líder supremo do Irã, Ali Khamenei. — Foto: ALEX WONG / KHAMENEI.IR / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
A porta-voz de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse nesta segunda-feira (23) à rede de TV ABC News que os ataques contra os Irã se justificavam pelo país ser uma ‘ameaça iminente’ e que o presidente Donald Trump é o ‘primeiro presidente com coragem de realmente fazer algo a respeito’.
Segundo ela, os ataques americanos tiveram um forte resultado e ‘tiraram a capacidade do Irã de criar uma bomba nuclear’. Leavitt também disse que a administração tem um ‘alto grau de confiança’ de que o urânio enriquecido foi armazenado nos locais que foram atacados pelos EUA.
‘O presidente não teria lançado os ataques se não estivéssemos confiantes nisso’, comentou ela.
Já em uma entrevista coletiva posterior, Karoline Leavitt, respondeu questionamentos sobre a fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que aventou a possibilidade de mudança do regime no Irã.
Segundo ela, o republicano estava apenas ‘levantando uma questão que acho que muitas pessoas ao redor do mundo estão se perguntando’.
‘Se eles se recusarem a se envolver em diplomacia daqui para frente, por que o povo iraniano não deveria se levantar contra esse regime terrorista brutal?’, questionou.
Já à Fox News ela defendeu o mesmo ponto, mas disse que os EUA ainda buscavam uma solução ‘diplomática’.
‘Se o regime iraniano se recusa a chegar a uma solução diplomática pacífica — na qual o presidente ainda está interessado, aliás — por que o povo iraniano não deveria tirar o poder deste regime incrivelmente violento que os vem reprimindo há décadas? Nossa postura não mudou’, disse.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou na sua rede social Truth Social nesse domingo (22) que, aparentemente, um dos objetivos da entrada do país no conflito entre Israel e Irã é também a derrubada do regime dos aiatolás.
‘Não é politicamente correto usar o termo ‘mudança de regime’, mas se o atual regime iraniano não é capaz de TORNAR O IRÃ GRANDE NOVAMENTE, por que não haveria uma mudança de regime???’, escreveu.
A fala do republicano ecoa diversos comentários de autoridades israelenses na última semana, destacando a chance de uma troca de poder e também dizendo que o conflito quer destruir o regime iraniano como um todo.
Israel pretende encerrar guerra; Irã busca resposta
Agência de Fordow com sinais de destruição após ataques dos EUA. — Foto: Satellite image ©2025 Maxar Technologies / AFP
O governo de Israel enviou uma mensagem ao Irã afirmando que quer encerrar a campanha de bombardeios contra o país, em uma mensagem que teria sido transmitida diretamente entre autoridades dos dois locais. A informação foi revelada pelo jornal The Wall Street Journal e depois confirmada pela emissora pública israelense Kan.
Segundo os dois locais, o fim das operações ocorreria após os ataques militares dos Estados Unidos, que teriam feito uma destruição significativa às usinas nucleares iranianas.
Apesar disso, a Kan relata que o Irã respondeu afirmando que ‘ainda não é a hora’. O The Journal diz que o país quer responder aos ataques americanos do fim de semana.
De acordo com o Canal 12, Israel acredita que alcançará seus objetivos militares de remover a ameaça nuclear e de mísseis balísticos iranianos de Israel nos próximos dias.
Nesse domingo (22), uma autoridade israelense disse ao jornal The Times of Israel que o país está disposto a encerrar a campanha de bombardeios se o Irã concordar em desmantelar seu programa nuclear.
‘Depende do Irã, não de nós. Estamos felizes em encerrar agora; se houver um acordo no final, Israel ficará satisfeito com o resultado’, comentou, sob condição de anonimato.
O Canal 12 afirma que duas opções estão na mesa para encerrar a operação: Israel pode declarar unilateralmente que atingiu seus objetivos de guerra, e o Irã pode encerrar seus ataques com mísseis; ou os EUA podem anunciar que ambos os lados concordaram com um cessar-fogo, algo que Israel busca como uma espécie de plano B.
Autoridades israelenses disseram ao The Wall Street Journal que esperam que os ataques americanos e israelenses levem o Irã de volta à mesa de negociações, onde o país acabaria aceitando o fim de seu programa nuclear. Se Israel determinar que Teerã está tentando reconstruí-lo, acrescentam as autoridades israelenses, enviará a força aérea para atacar novamente.
Nesse domingo (22), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que estava muito perto de atingir seus objetivos no Irã. Ele comentou que não queria que o país entrasse em uma ‘guerra de atrito’ contra o Irã, mas destacou que os bombardeios só iriam parar quando os objetivos fossem alcançados.