SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A Rússia classificou, nesta quinta-feira (25), de banditismo e pirataria as operações militares realizadas pelos Estados Unidos no mar do Caribe para cercar a Venezuela. O Kremlin também reforçou o apoio ao regime de Nicolás Maduro e disse esperar que o presidente americano, Donald Trump, encontre soluções na legislação internacional para evitar um desastre.
“Hoje testemunhamos completa ilegalidade no mar do Caribe, onde o roubo de propriedade alheia ou seja, pirataria e banditismo estão sendo revividos”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova.
Neste mês, Washington capturou dois petroleiros e tentou interceptar um terceiro em águas internacionais perto da Venezuela. O primeiro navio, chamado de Skipper, foi detido no dia 10 de dezembro, enquanto transportava petróleo bruto venezuelano. O segundo, conhecido como Centuries, foi apreendido no último sábado (20) e, segundo o jornal americano The New York Times, também carregava o combustível.
O terceiro, chamado de Bella 1, foi abordado também no sábado, dias depois de Trump anunciar um “bloqueio total” a todos os petroleiros sob sanções dos EUA que entram ou saem da Venezuela era o caso desta embarcação, por já ter transportado combustível do Irã, que segundo autoridades americanas é utilizado para financiar grupos terroristas. O navio, porém, não se submeteu à inspeção e fugiu pelo oceano Atlântico.
Maduro tem se manifestado sobre as operações falando em “intervenção brutal” no país e “ameaça grotesca”. No sábado, condenou “o roubo e o sequestro de uma nova embarcação privada que transportava petróleo venezuelano, bem como o desaparecimento forçado de sua tripulação”.
No comunicado, Zakharova, do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, afirmou que Moscou defende a desescalada das tensões entre Washington e Caracas e reforçou o apoio ao regime venezuelano.
“Esperamos que o pragmatismo e a racionalidade do presidente dos EUA, Trump, permitam encontrar soluções mutuamente aceitáveis para as partes dentro do marco das normas jurídicas internacionais.”
“Confirmamos nosso apoio aos esforços de Nicolás Maduro voltados à proteção da soberania e dos interesses nacionais, e à manutenção do desenvolvimento estável e seguro de seu país”, acrescenta.
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela se acirrou em setembro, quando Washington passou a atacar barcos venezuelanos no mar do Caribe sob a acusação de que as embarcações estariam ligadas ao narcotráfico em Caracas, o que Maduro nega. Ao todo, 105 pessoas morreram nos bombardeios.
Na terça-feira (23), Rússia e China criticaram perante o Conselho de Segurança da ONU a pressão militar e econômica dos EUA sobre a Venezuela, chamando a ação de “comportamento de caubói”.
No sábado, o regime venezuelano afirmou que o Irã, um de seus principais aliados, ofereceu apoio para enfrentar o que classificou de “pirataria e terrorismo internacional” após uma conversa por telefone entre os chanceleres Yván Gil, de Caracas, e Abbas Araghchi, de Teerã.
