Após o que é tido como o desastre mais devastador da história recente do Paraná, a pequena cidade começa a reconstruir

Dizer que o município paranaense de Rio Bonito do Iguaçu enfrenta um fim de semana difícil é pouco. No começo da noite de sexta-feira, 7, um tornado de mais de 250 km/h – apontado como o mais devastador da história recente do Estado– destruiu boa parte da cidade, deixando ao menos seis mortos, mais de 800 feridos e um rastro de destruição. E, em meio a tudo isso, os rio bonitenses buscam entender qual será seu futuro.



Placa no centro de Rio Bonito, atingida pelo tornado que devastou a cidade.

Foto: Rubens Anater/Estadão / Estadão

Segundo a Defesa Civil, cerca de quatro mil pessoas, da cidade de 13 mil habitantes, foram atingidas direta ou indiretamente pelo tornado. É praticamente toda a população urbana, que sofreu com casas destruídas ou destelhadas, ou com falta de energia elétrica, de água e de mantimentos. Ao longo do fim de semana, o sinal de celular foi praticamente inexistente.

Empresas também sofreram danos, somando ao drama da moradia um medo de futuro pelos empregos e pela própria sobrevivência financeira da cidade.



Os principais mercados de Rio Bonito foram derrubados pelo tornado, assim como várias outras empresas da cidade.

Os principais mercados de Rio Bonito foram derrubados pelo tornado, assim como várias outras empresas da cidade.

Foto: Rubens Anater/Estadão / Estadão

Tornado no Paraná gera desespero, mas também solidariedade

Ao longo do fim de semana, havia tristeza pelas perdas, incerteza pelo futuro e luto pelos que não sobreviveram. Ainda assim, em meio às ruínas de onde passou o tornado, o desespero não era o único sentimento. Também havia solidariedade.

Funcionários da prefeitura, movimentos sociais, universidades, voluntários de Rio Bonito e dos municípios do entorno, equipes de bombeiros, Defesa Civil e outros órgãos do governo trabalharam desde a noite de sexta, ao longo de todo o fim de semana, para resgatar, acolher e começar a reconstruir.

“Graças a Deus o povo brasileiro é muito solidário”, afirma a diretora de Cultura de Rio Bonito, Daiane Oliveira, que trabalhava duro na distribuição de alimentos durante o sábado.

E também há planejamento para o futuro. Pela manhã de sábado, o governador Ratinho Júnior esteve na cidade, e à tarde, foi vez da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Ambos para ajudar no atendimento emergencial e para colocar à disposição o poder público para reconstruir Rio Bonito.

Ao Estadão, o prefeito Sezar Augusto Bovino (PSD) reforçou o trabalho conjunto. “Agora, junto ao governo do Estado e ao governo federal, estamos planejando as fontes de recuperação para a cidade.”

Sobreviventes celebram a vida

Em poucos minutos de vento, dona Luiza Velozo, moradora de Rio Bonito, perdeu a casa em que morava com o marido, Jefferson, e a filha, Maísa. Mas ela conta que a maior alegria naquela noite de tristeza foi reencontrar os netos, que moram com a filha Fabíola dos Santos, após a tempestade.



Mãe e filha, Luiza e Fabíola, em frente às ruínas da casa da mãe.

Mãe e filha, Luiza e Fabíola, em frente às ruínas da casa da mãe.

Foto: Rubens Anater/Estadão / Estadão

Eduardo Henrique Zanotto, que morava com os pais, Gilmar e Lenir, a poucos metros da casa de Luiza, passou por algo muito parecido. A casa toda foi arrancada do chão, com exceção das paredes do banheiro, e o pai teve uma perna quebrada e um braço machucado. “Agora temos que ver como vai ser, como vamos seguir. Mas pelo menos estamos com vida. O importante é ficarmos unidos”, disse o jovem.

Paulo Oidella, de 54 anos, também perdeu a casa na noite de sexta. Mas sua grande preocupação em meio à tempestade eram os dois filhos, Marcos, de 19, e Adriano, 16, que trabalhavam no mercado perto de onde moravam. Os três sobreviveram. Marcos passou a noite internado no hospital – machucado, mas estável -, enquanto Paulo e Adriano seguiram para um abrigo em Laranjeiras do Sul.



Adriano e Paulo Oidella, Alcides Oliveira e Eloir Camargo estão entre os habitantes de Rio Bonito acolhidos em abrigo na cidade vizinha.

Adriano e Paulo Oidella, Alcides Oliveira e Eloir Camargo estão entre os habitantes de Rio Bonito acolhidos em abrigo na cidade vizinha.

Foto: Rubens Anater/Estadão / Estadão

Agora, aguardam o desenrolar dos próximos dias. “Temos que esperar, nem nossos documentos nós temos. Ficaram na casa”, disse Paulo. “Mas a gente vai achar, ou então fazemos outros. O importante é que a gente está vivo.”

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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