“O GPIAAF publicará um relatório preliminar previsivelmente no prazo de 45 dias, dando conta dos trabalhos de investigação realizados e das conclusões que, nessa data, estejam disponíveis”, adiantou o diretor do gabinete, numa conferência de imprensa conjunta com os responsáveis da Polícia Judiciária, da direção executiva do SNS e do Instituto de Medicina Legal.
Nelson Oliveira reafirmou ainda que o gabinete que está a investigar o acidente, que provocou 16 mortos e 23 feridos, prevê publicar na sexta-feira ao final tarde uma nota informativa “dando conta das constatações iniciais confirmadas”.
“Neste momento, não vamos partilhar qualquer facto. Esses factos serão dados nesta nota informativa, uma vez que as informações e os factos apurados necessitam de contexto e também do âmbito que iremos dar à investigação, com base naquilo que já identificamos até ao momento”, adiantou o responsável do GPIAAF aos jornalistas.
Nelson Oliveira, que coordena o gabinete de investigação especializado que tem apenas um investigador atribuído, sublinhou que o objetivo do GPIAAF é “identificar as causas relevantes com vista à melhoria da segurança deste modo de transporte e nunca a procura ou atribuição de responsabilidades, a qual compete ao Ministério Público, através da ação da Polícia Judiciária”, ainda que as diferentes investigações sejam feitas “em perfeita coordenação” em que é necessário “partilhar a mesma prova”.
O coordenador do GPIAAF adiantou que este gabinete esteve no local do acidente na manhã de hoje a identificar indícios, os quais se encontram “em fase de processamento”, adiantando ainda que os destroços do elevador acidentado e do elevador que ficou praticamente intacto serão “transportados para local seguro onde serão sujeitos a peritagens técnicas”, que, envolvendo várias entidades, vão ser feitas sob coordenação do gabinete.
Iniciou-se também esta manhã um trabalho de “recolha de extensas evidências (provas) documentais”.
“Existe um manancial bastante grande de documentação relativo a tudo o que diz respeito à manutenção, procedimentos e tudo mais que são relevantes serem estudadas e isto é um processo longo”, disse Nelson Oliveira.
“Preparam-se também as entrevistas que iremos realizar às pessoas diretamente envolvidas e às pessoas envolvidas com a parte de manutenção, gestão e tudo mais daquele modo de transporte e que são relevantes para o cabal esclarecimento, quer dos factos imediatos, quer, mais importante, dos factos remotos, ou seja, os fatores subjacentes que resultaram neste infeliz acidente de ontem”, acrescentou.
Nelson Oliveira garantiu ainda o empenho do GPIAAF para evitar que acidentes como o de quarta-feira se repitam.
“Tudo faremos para que deste trágico evento sejam retirados todos os ensinamentos de segurança necessários para evitar outros acidentes similares, por forma a que pelo menos o sacrifício destas vítimas não tenha sido em vão. Eu sei que isto é uma pequena consolação, mas é para isso que nós trabalhamos, é para que com estes infelizes eventos se tirem lições para que tal não volte a acontecer”, disse.
O elevador da Glória, em Lisboa, descarrilou na quarta-feira, causando 16 mortos e duas dezenas de feridos.
O Governo decretou um dia de luto nacional, cumprido hoje.
O elevador da Glória é gerido pela Carris, liga os Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, num percurso de cerca de 265 metros e é muito procurado por turistas.
[Notícia atualizada às 20h23]
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