Na última semana, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) anunciou a proibição de determinados alimentos, como açaí, tucupi e maniçoba, durante o evento, que ocorrerá no mês de novembro, em Belém. A repercussão negativa da decisão, no entanto, fez com que a organização voltasse atrás. Mas, afinal, o que motivou o veto à distribuição dessas comidas típicas do Pará?

Os riscos dos ingredientes

Inicialmente, Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) proibiu a comercialização desses alimentos, afirmando que eles representavam um alto risco de contaminação. No caso do açaí, por exemplo, o principal perigo está no possível contágio por Trypanosoma cruzi, parasita responsável por causar a doença de Chagas.

De acordo com especialistas, é comum que o inseto deposite suas fezes no ambiente onde a fruta é tratada, resultando na transmissão da enfermidade. “No passado, a propagação era mais pela picada do mosquito. Agora, é maior pela ingestão de ingredientes contaminados, em especial, o açaí. Mas também, cana de açúcar, sucos e outra comidas”, explicou o estudioso Odilson Silvestre, em comunicado publicado pela Universidade Federal do Acre (Ufac). 

Entretanto, para evitar essa ameaça, comerciantes aderiram a uma série de processos durante a manipulação do fruto, que envolve o seu aquecimento a 80 ºC e, em seguida, o resfriamento. Estratégias semelhantes são adotadas para possibilitar o consumo do tucupi e da maniçoba — dois pratos feitos a partir da mandioca.

Isso ocorre pois esses alimentos in natura apresentam níveis elevados de ácido cianídrico, conhecido como veneno cianeto. A preparação, portanto, envolve horas e até dias de fermentação ou cozimento, a fim de impedir o risco de intoxicação e asfixia.

COP30 publica errata

Apesar de apresentaram ameaças à saúde, tanto o açaí quanto a tucupi e maniçoba estão muito presentes na dieta dos brasileiros, principalmente daqueles que residem no norte do país. Por isso, o veto desses ingredientes durante a COP30 gerou críticas à organização.

“É um crime contra nosso povo, contra a nossa gastronomia, contra a comida que alimentou nossa ancestralidade toda, a gente só sobrevive por causa desse alimento”, afirmou o chef Saulo Jennings, em uma publicação nas redes sociais.

Como resultado, logo após a repercussão e a atuação do ministro do Turismo, Celso Sabino, a OEI publicou uma errata, na qual autoriza a distribuição do açaí e de outros ingredientes. A fruta in natura, assim como o tucupi, contudo, ainda seguem sob restrição. A organização informou que passará maiores detalhes sobre a comercialização dos pratos quando encerrar a seleção de fornecedores.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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