Vanessa Maria da Silva, apontada como a proprietária de uma fábrica clandestina de bebidas responsável pela contaminação por metanol de ao menos três pessoas em São Paulo, é descrita como uma pessoa muito fria e não mostra arrependimento.A declaração foi feita nesta sexta-feira (17) pelo delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, durante coletiva de imprensa sobre a conclusão da segunda fase da operação que investiga os graves casos de intoxicação.
A empresária foi detida na última sexta-feira (10), dia em que a fábrica ilegal de sua família, situada em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), foi desmantelada. Segundo o delegado, a “frieza” da suspeita foi notada pela equipe de investigação. “Segundo relato da doutora Isa [Isa Lea Abramavicus] e da equipe, a Vanessa é uma pessoa muito fria nas palavras. Ela não mostra arrependimento”, afirmou Dian.
Vítimas fatais e jovem cego
O negócio clandestino da família de Vanessa está diretamente ligado à contaminação que resultou nas mortes de Ricardo Mira e Marcos Antônio Jorge Junior, os dois primeiros óbitos por metanol confirmados no Brasil. Ambos consumiram a bebida adulterada no Torres Bar, localizado na Mooca, zona leste da capital. Além deles, um jovem permanece internado na UTI, em estado de cegueira, após ingerir o conteúdo de uma garrafa adulterada em outro estabelecimento, o bar Nova Europa, no Planalto Paulista (zona sul).
De acordo com a Polícia Civil, a “Família Metanol” adquiria etanol em dois postos de combustíveis, em Santo André e São Bernardo do Campo, para realizar a adulteração das bebidas alcoólicas que eram vendidas. O marido de Vanessa é conhecido no ramo de falsificação. Os postos investigados não têm relação com a Operação Carbono Oculto da PF e, para a polícia de SP, não há indícios de participação do crime organizado nestes casos específicos de intoxicação.
Antecedentes criminais
Apesar de o marido e o pai de Vanessa já possuírem antecedentes criminais por falsificação de bebidas, a proprietária é a única detida na operação que se encerrou nesta sexta-feira. A investigação revelou que a família contava com a ajuda de um garrafeiro, e transferências bancárias obtidas pela polícia comprovam que este suspeito comprou etanol em um dos postos que estão sendo investigados na operação. As autoridades continuam a apurar a extensão total do esquema e o número de vítimas.