“Se quiserem, e entenderem que devo ir, aqui estarei. Se entenderem que não devo ir, aqui estarei. Se entenderem que outro ou outra e, quem, deve ir, aqui estarei também, como aquele que melhor vos representa”, afirmou, no discurso de abertura do Conselho Nacional, que está reunido esta noite, em Lisboa, para discutir as eleições presidenciais.
André Ventura afirmou, no entanto, que candidatar-se às eleições presidenciais do início do próximo ano não é “o ideal” e que seria “um mau sinal para o país que o líder da oposição seja candidato a Presidente da República”.
“Porque entendo que o país me deu uma responsabilidade e me deu uma missão, a de liderar a transformação que o país precisa nos vários ramos do poder político mas, sobretudo, conseguir levar Portugal a tornar-se um país decente, livre de corrupção, livre de compadrios, firme na segurança, firme na defesa de fronteiras e firme na luta contra esta cultura ‘woke’ que se instalou hoje em Portugal”, justificou.
O líder do Chega defendeu que o partido deve ter um candidato, mesmo que apoie outra figura, mas recusou “entrar em aventuras loucas” e alguém que venha a ter um resultado que seja “um desastre”.
“Não devemos dar aos portugueses candidaturas vazias, sem significado ou sem impacto” e escolher alguém que seja desconhecido para os eleitores, acrescentou.
André Ventura indicou também que o objetivo é o partido disputar a segunda volta das eleições presidenciais.
Num discurso de 30 minutos, aproveitou também para criticar alguns dos candidatos que já entraram na corrida ao Palácio de Belém, nomeadamente Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes e António José Seguro.
O líder do Chega referiu que abordou com o partido a possibilidade de apoiar Gouveia e Melo, mas acabou por recuar.
“O Chega não pode apoiar um candidato que diz que vai limpar o sistema, mas mete Isaltino Morais e Rui Rio ao lado da sua candidatura. O Chega não pode apoiar uma candidatura presidencial que diga que vem fazer diferente, mas aplaude o veto do Presidente à Lei de Estrangeiros e diz que o país precisa de mais imigração. O Chega não pode apoiar um candidato a Presidente da República que diz que é verdade que se tem que apurar responsabilidades e aquela conversa cavaquista dos anos 90, mas quando o Chega propõe uma comissão de inquérito diz que é excessivo e negativo para a democracia”, justificou.
Ventura rejeitou também apoiar os antigos líderes do PSD e do PS, e indicou que deixaria a liderança do Chega se o partido decidisse subscrever a candidatura de Luís Marques Mendes ou de António José Seguro.
As críticas estenderam-se ao atual Presidente da República, que apelidou de “um desastre para a democracia”, com o deputado a dizer que não quer “outro Marcelo Rebelo de Sousa”.
Este Conselho Nacional foi convocado para ouvir a posição dos militantes quanto àquela que deve ser a estratégia do Chega para as presidenciais. Na terça-feira, em entrevista à CNN Portugal, Ventura indicou que a decisão será anunciada até segunda-feira.
Antes das eleições legislativas de maio, o presidente do Chega tinha anunciado a intenção de se candidatar a Presidente da República, mas tinha vindo a distanciar-se dessa possibilidade depois do reforço do partido, que se tornou na segunda maior força no Parlamento.
O líder do Chega foi candidato a Presidente da República em 2021, quando Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito para o segundo mandato em Belém. André Ventura teve 11,90% dos votos, e ficou em terceiro lugar, atrás de Ana Gomes.
[Notícia atualizada às 23h42]
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