O litoral brasileiro é conhecido por abrigar algumas das praias mais belas do mundo, com águas cristalinas e paisagens paradisíacas. No entanto, nem todas as faixas de areia são seguras para banho, mesmo aquelas que parecem inofensivas à primeira vista. Em uma das regiões mais movimentadas do estado de São Paulo, um local turístico vem chamando atenção não apenas pela beleza, mas também pelos altos índices de poluição que colocam a saúde dos banhistas em risco.
Apesar da aparência convidativa, especialistas alertam que o contato com a água dessa praia pode causar sérios problemas de saúde. A poluição atinge níveis alarmantes e, em alguns casos, pode até representar risco de morte para quem decide mergulhar.
A praia considerada a mais poluída do estado
Localizada no Guarujá, a Praia do Perequê é conhecida por atrair turistas durante todo o ano, especialmente por seu visual encantador e pela presença de restaurantes à beira-mar. Contudo, por trás da paisagem bonita, existe um problema grave: a contaminação da água. Segundo dados recentes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), o local é apontado como a praia mais poluída do litoral paulista, sendo classificada como imprópria para banho na maioria das análises feitas ao longo de 2024.
A Cetesb realiza medições semanais em diversos pontos da orla, e os resultados são preocupantes. No caso do Perequê, 98% das coletas apontaram níveis de poluição acima do permitido. A classificação de “imprópria” é dada quando há a presença de mais de 100 colônias de enterococos em cada 100 mililitros de água durante cinco semanas consecutivas. No caso dessa praia, esse índice foi ultrapassado em 51 das 52 semanas analisadas.
Essas bactérias, conhecidas como enterococos, são comuns no trato intestinal humano e animal, e sua presença indica contaminação fecal. O contato com águas poluídas por esse tipo de micro-organismo pode causar doenças graves, como infecções intestinais, urinárias, dermatológicas e até cardíacas em casos mais sérios. Entre os sintomas relatados estão febre, diarreia, vômitos, dores musculares e desidratação.
Contaminação e riscos à saúde dos banhistas
O problema se agrava durante o verão, quando o fluxo de turistas aumenta e o descarte inadequado de resíduos acaba sobrecarregando o sistema de saneamento da região. O excesso de lixo e esgoto despejado irregularmente acaba chegando ao mar, o que intensifica o processo de contaminação.
Para evitar acidentes e doenças, a Cetesb mantém um sistema de sinalização em todas as praias monitoradas. As placas instaladas nas areias indicam, por meio de cores, se o local é próprio ou não para banho: verde para áreas seguras e vermelho para pontos contaminados. No caso do Perequê, a placa vermelha tem sido a regra — um sinal claro de que mergulhar ali é perigoso.
Além do risco de infecções, especialistas também alertam que a poluição prejudica o ecossistema marinho. Peixes, crustáceos e outras espécies que vivem na região acabam sendo afetados, o que compromete a pesca local e a economia de famílias que dependem dessa atividade.
