A colher de pau é um utensílio de cozinha que atravessa gerações, mas nos últimos anos vários alertas sobre o risco do uso desse objeto tem gerado dúvidas. Ela pode se tornar um foco de bactérias e um obstáculo para a limpeza eficiente.
“A principal preocupação com a utilização de colheres de pau ou de madeira na cozinha está relacionada à sua estrutura porosa, permite a absorção de umidade, resíduos alimentares e microrganismos, dificultando a higienização completa e adequada”, explica Larissa Lunave Nutricionista da Human Clinic.
A nutricionista Vanessa Furstenberger explica que pelo fato da colher de pau ser confeccionada em madeira, ela é porosa e pode absorver líquidos, gordura, resto de comida e até bactérias. “Facilitando a contaminação cruzada comprometendo assim a higiene dos alimentos. No caso das bactérias, a proliferação das mesmas pode causar intoxicações alimentares. Além disso, a madeira pode absorver odores e sabores transferindo-os para outros alimentos.”, complementa.
A contaminação cruzada e levar à ingestão de microrganismos patogênicos, aumentando risco de surgimento de doenças como
1. Salmonelose
* Causada por: Salmonella spp.
* Fontes comuns: Frango malcozido, ovos, carnes contaminadas.
* Sintomas: Diarreia, febre, dor abdominal, náuseas e vômitos.
2. Listeriose
* Causada por: Listeria monocytogenes
* Fontes comuns: Laticínios, carnes curadas, vegetais contaminados.
* Sintomas: Pode variar de febre e dores musculares até meningite, especialmente perigosa em gestantes, recém-nascidos e imunossuprimidos.
3.Gastroenterite por E. coli
* Causada por: Escherichia coli (sobretudo a cepa 0157:H7)
* Fontes comuns: Carne malcozida, vegetais crus contaminados.
* Sintomas: Diarreia, cólicas intensas, febre; pode evoluir para síndrome hemolítico-urêmica em casos graves.
4. Infecção por Staphylococcus aureus
* Fonte: Contaminação humana (pele, mãos), utensílios não higienizados.
* Sintomas: Náuseas, vômitos, diarreia rápida após ingestão.
5. Micotoxinas (em utensílios mofados)
* Madeira mal armazenada pode desenvolver fungos que produzem toxinas, como as aflatoxinas, que são carcinogênicas e hepatotóxicas.
Segundo Larissa, com o tempo podem ocorrer rachaduras e fissuras microscópicas, mas que acumulam sujeira, mesmo após a lavagem, favorecendo a proliferação de bactérias como Salmonella e Escherichia coli, especialmente quando usada no preparo de carnes cruas ou pratos úmidos.
“Se ainda assim preferir utilizar a colher de pau, o ideal é higienizá-la corretamente, lavando-a imediatamente após o uso com água morna e sabão, sem deixar de molho e nem colocá-la na máquina de lavar, deixando-a secar bem e de preferência ao ar livre. Outra maneira de higienizá-la é de tempos em tempos esfregá-la com vinagre ou bicarbonato de sódio”, recomenda a especialista.
Para evitar que a mesma resseque ou rache, pode-se aplicar ocasionalmente óleo mineral.
Qual é o tipo de colher ideal para substituir a de pau?
De acordo com Larissa, as colheres consideradas as opções mais seguras e higiênicas na cozinha ainda são as de inox (aço inoxidável), já que possui uma superfície lisa e impermeável, impedindo a absorção de umidade, odores e microrganismos, além de facilitar a higienização e reduzir risco de formação de biofilmes.
“O inox também é resistente ao calor, podendo ser usado em altas temperaturas sem liberar substâncias tóxicas nem reage com alimentos ácidos. Com o tempo, não sofre degradação como a madeira ou plásticos e possui alta durabilidade; não quebra, não entorta facilmente e não libera partículas mesmo após anos de uso. Inclusive, alguns tipos de aço inox contêm pequenas quantidades de elementos como níquel e cromo, impedem a proliferação bacteriana”, conclui.
Já Vanessa recomenda ainda as colheres de silicone, de bambu (que são menos porosas do que as de madeira) e ainda as de nylon “que são seguras, mas podem derreter em altas temperaturas’.