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Um novo estudo científico descreve o atual sistema de megaconstelações de satélites em órbita baixa da Terra como um verdadeiro “castelo de cartas”, estruturalmente instável e cada vez mais próximo de um colapso.
A análise foi conduzida por Sarah Thiele, pesquisadora associada à Universidade de Princeton, em conjunto com outros autores, e está disponível em versão preliminar no repositório arXiv.
Os pesquisadores apontam que a densidade de objetos em órbita baixa atingiu um nível crítico. Considerando todas as megaconstelações, ocorre uma “aproximação perigosa”, que é quando dois satélites passam a menos de um quilômetro de distância, a cada 22 segundos. No caso específico da rede Starlink, esse tipo de evento acontece, em média, a cada 11 minutos.
Para evitar colisões, cada satélite da Starlink realiza cerca de 41 manobras por ano. Embora isso possa sugerir um sistema eficiente, os autores alertam que falhas tendem a ocorrer em situações extremas, conhecidas na engenharia como “casos-limite”, que fogem do funcionamento normal.
Entre esses cenários críticos estão as tempestades solares. Esses eventos afetam os satélites de duas formas principais. A primeira é o aquecimento da atmosfera terrestre, que aumenta o arrasto sobre os objetos em órbita e gera incertezas em suas posições, exigindo mais consumo de combustível e manobras evasivas.
Durante a chamada tempestade Gannon, em maio de 2024, mais da metade de todos os satélites em órbita baixa precisou gastar combustível para se reposicionar. O segundo efeito, considerado ainda mais grave, é a possibilidade de falhas nos sistemas de navegação e comunicação, o que impediria qualquer manobra de emergência.
Caso isso ocorra, o risco de colisões aumenta drasticamente. Para medir essa ameaça imediata, o estudo propõe um novo indicador, chamado de “Relógio de Colisão e Dano Significativo”. Segundo os cálculos, em junho de 2025, a perda total de controle dos satélites levaria a uma colisão catastrófica em cerca de 2,8 dias.
Em 2018, antes da expansão das megaconstelações, esse prazo era estimado em 121 dias. O estudo também aponta que uma interrupção de apenas 24 horas no controle já implicaria 30% de chance de um choque grave, capaz de iniciar o chamado síndrome de Kessler, processo no qual detritos se multiplicam e tornam o espaço inutilizável por décadas.
O problema é agravado pelo fato de que tempestades solares oferecem pouco aviso prévio, geralmente de apenas um ou dois dias. Sem controle em tempo real, a gestão segura da frota orbital se torna inviável, e o colapso pode ocorrer rapidamente, segundo os autores.
O estudo lembra ainda que eventos mais intensos do que os recentes já ocorreram no passado, como o Evento Carrington de 1859, a maior tempestade solar já registrada. Um fenômeno semelhante hoje poderia comprometer os sistemas de controle por um período superior a três dias, tempo suficiente para desencadear uma reação em cadeia devastadora.
Os pesquisadores concluem que o risco não é hipotético. Um único evento extremo, já documentado historicamente, seria capaz de destruir a infraestrutura orbital atual e limitar o acesso humano ao espaço por um futuro indefinido. O trabalho defende que decisões sobre a expansão de megaconstelações sejam tomadas com base em avaliações realistas desses perigos.
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