O extenso corpo de água que se estende pelos municípios de Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Arraial do Cabo sofre com a poluição. O fato não é recente e as consequências também não. Pescadores que dependem da Laguna de Araruama para trabalhar vêm relatando aumento de doenças de pele e perda de renda devido à mortandade de peixes e à contaminação.
Além disso, pesquisadores que estudam a Laguna de Araruama denunciaram a omissão do INEA (Instituto Estadual do Ambiente), que, segundo eles, tem fingido fazer dragagens, enquanto a qualidade da água segue se deteriorando. Lideranças locais também acusaram a ausência de fiscalização sobre loteamentos irregulares em áreas de proteção ambiental e a especulação descontrolada alimentada pelo turismo predatório.

Os deputados Yuri Moura (estadual) e pastor Henrique Vieira (federal) realizaram, na última sexta-feira (09/05), uma intensa agenda de visitas, escutas e fiscalizações em São Pedro da Aldeia, às margens da Laguna de Araruama. A ação reforçou a convocação de uma audiência pública, marcada para a próxima terça-feira (13/05), às 9h30, na sala 1810 da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), com o objetivo de debater a grave crise ambiental que afeta a laguna e os municípios do seu entorno.
Yuri Moura, que já vinha acompanhando a situação da Laguna de Araruama em seu mandato estadual e visitado a Praia do Siqueira, em Cabo Rio, foi enfático na cobrança por responsabilização dos órgãos estaduais, como o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa) e da concessionária ProLagos.
“A ProLagos segue poluindo sem punição, e a Agenersa, que deveria fiscalizar, permanece omissa. Por isso, convidamos a agência para a audiência pública da próxima terça-feira. Se não comparecerem, vamos utilizar os mecanismos legais para convocá-los. Não dá mais para aceitar essa conivência institucional com a destruição da laguna”, afirmou.
O parlamentar também criticou a falta de articulação do Governo do Estado e denunciou a ocupação irregular de terras da União na região. “Cada prefeitura faz o que quer, o Estado finge que está fazendo dragagem, e as terras da União são loteadas por interesses. Enquanto isso, sete cidades são afetadas diretamente pela degradação da Laguna de Araruama, e o povo segue adoecendo, os pescadores abandonados e a população vendo seu patrimônio ser destruído”, completou Yuri.
Já o Pastor Henrique Vieira afirmou que pretende levar a situação diretamente ao Ministério do Meio Ambiente. “Quero realizar uma audiência com a ministra Marina Silva. Ela é sensível ao tema e precisamos acionar o Governo Federal. Esse é um caso emblemático que reflete uma lógica perversa presente em diversas cidades brasileiras: o lucro de poucos sacrificando a vida e a dignidade de muitos”, disse o deputado.
Vale destacar que a Laguna de Araruama é mais salgada que as águas dos mares e 100 vezes maior que a Rodrigo de Freitas. A nomeação certa é mesmo “laguna” e não “lagoa”, pois existe uma ligação com o mar.