Um grupo de médicos japoneses descobriu que o uso de camas de papelão ajudou a evitar a formação de coágulos sanguíneos em pessoas que foram evacuadas após o terremoto na Península de Noto, região central do Japão.
Os médicos, estabelecidos nas províncias de Ishikawa, Toyama e Niigata, examinaram pessoas evacuadas em quatro municípios da duramente atingida região de Oku-Noto, de janeiro de 2024, quando ocorreu o terremoto, até março do mesmo ano.
Dos 1.291 evacuados em abrigos e moradias temporárias que foram examinados, 9% apresentavam coágulos sanguíneos, que podem causar a chamada síndrome da classe econômica. Trata-se de um patamar muito maior do que a média de ocorrência em condições normais.
A taxa foi de 11,3% na cidade de Suzu, 11% na cidade de Anamizu, 8,2% na cidade de Wajima e 6,4% na cidade de Noto, o mais baixo percentual.
Nos abrigos da cidade de Noto, camas de papelão foram entregues cerca de duas semanas após o terremoto, conforme o acordo firmado entre a cidade e empreiteiros privados.
Segundo os médicos, a incidência de coágulos foi a mais baixa em Noto porque os evacuados não precisaram dormir no chão frio. Eles provavelmente eram mais ativos devido à facilidade de se levantar da cama, em comparação com a dificuldade de se levantar ao acordar deitado no chão. No Japão, evacuados normalmente dormem no chão dos centros de evacuação imediatamente após desastres.
O Dr. Kobata Takashi, do Hospital Municipal Himi da Universidade de Medicina de Kanazawa, é um dos membros do grupo.
Kobata afirma ser inevitável que algumas pessoas precisem ser evacuadas após um desastre, mas observa que os evacuados devem permanecer ativos nos abrigos. Segundo o médico, a rápida distribuição de camas de papelão vai ajudar a reduzir os casos de coágulos sanguíneos.
