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Se você acha que água engarrafada é mais pura e saudável que a água da torneira, nova pesquisa mostra que isso está longe da realidade. Estudos recentes revelam contaminações, riscos ambientais e falhas de transparência no setor.
Enquanto isso, especialistas apontam que, em muitos países, a água de torneira passa por testes mais rigorosos e oferece mais segurança do que as alternativas engarrafadas, afirma artigo no The Conversation.
Água engarrafada promete muito e pode entregar pouco
A popularidade da água engarrafada cresceu embalada por um marketing que promete pureza, saúde e conveniência. Porém, evidências científicas indicam que o produto pode apresentar riscos que muitos consumidores desconhecem.
Um estudo de 2025 encontrou altos níveis de contaminação bacteriana em galões reutilizáveis e garrafas plásticas, reforçando alertas que já vinham sendo feitos há anos.
A água engarrafada é regulamentada como um produto alimentício embalado: é testada com menos frequência e os fabricantes não são obrigados a publicar informações detalhadas sobre a qualidade.
Muhammad Wakil Shahzad, professor e chefe do Departamento de Energia Avançada e Sustentabilidade, Faculdade de Engenharia Mecânica, Northumbria, em artigo no The Conversation.
Diversas pesquisas também identificaram microplásticos, resíduos químicos e bactérias em produtos vendidos mundo afora. Em alguns casos, um único litro continha dezenas de milhares de partículas de plástico. Esses resíduos preocupam especialistas por estarem associados à inflamação, à desregulação hormonal e a possíveis efeitos no metabolismo e no desenvolvimento humano.
A diferença entre a fiscalização da água engarrafada e da água da torneira é significativa. Países como o Reino Unido, os Estados Unidos e os membros da União Europeia realizam testes regulares e publicam relatórios de qualidade; já a água engarrafada não segue as mesmas exigências de divulgação.
O que está dentro da garrafa?
Além de microplásticos, as garrafas podem conter:
- Garrafas PET podem liberar compostos como antimônio, ftalatos e bisfenóis (BPS e BPF), sobretudo quando expostas ao calor.
- Essas substâncias químicas migram para a água em situações comuns, como deixar garrafas em carros ou armazená-las de forma inadequada.
- A água engarrafada não é estéril: após aberta, microrganismos podem se multiplicar rapidamente, especialmente em ambientes quentes.
- Reutilizar garrafas descartáveis aumenta ainda mais o risco de contaminação microbiológica.
Para muitas pessoas, outro ponto importante passa despercebido: em vários países desenvolvidos, a água da torneira contém minerais benéficos e até flúor, o que ajuda a prevenir cáries. Na água engarrafada, os níveis de minerais variam muito, e há estudos que relacionam seu consumo frequente ao aumento de cáries em crianças.
Impactos ambientais e soluções em desenvolvimento
O impacto ambiental também é enorme. Aproximadamente um milhão de garrafas plásticas são compradas por minuto em todo o mundo. Segundo a empresa Aquaporin, produzir um litro de água engarrafada pode consumir até duas mil vezes mais energia do que fornecer um litro de água da torneira. A emissão média chega a cerca de oitenta gramas de CO₂ por litro.
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Com a necessidade de alternativas mais sustentáveis, pesquisadores desenvolvem soluções como o projeto Solar2Water — um dispositivo portátil movido a energia solar capaz de gerar água potável limpa diretamente do ar. O sistema produz água no ponto de uso, reduz o desperdício plástico e alivia a pressão sobre sistemas municipais, sendo especialmente útil em locais com infraestrutura comprometida ou quando a confiança na água da torneira é baixa.
Embora a água engarrafada seja essencial em emergências, especialistas reforçam que, na maioria dos países desenvolvidos, ela não é mais segura nem mais limpa do que a água da torneira. À medida que mudanças climáticas e poluição afetam o acesso à água, entender essas diferenças nunca foi tão importante.