A contaminação e morte de peixes por microplásticos representam uma ameaça não apenas à disponibilidade desse alimento, mas também à produção de culturas agrícolas cruciais para a economia brasileira.

A advertência foi feita durante a Escola São Paulo de Ciência Avançada sobre Poluentes Emergentes, realizada em Santos. Segundo a apresentação, a questão da ingestão de microplásticos por peixes deve ser analisada de forma integrada, considerando as conexões entre ecossistemas aquáticos e terrestres.

Peixes atuam como predadores naturais das larvas de libélulas, que vivem na água. As libélulas, por sua vez, predam abelhas polinizadoras, insetos essenciais para o sucesso de diversas culturas, como soja, café, feijão e laranja. Dessa forma, a contaminação e a morte de peixes podem levar ao aumento das larvas de libélulas, intensificando a predação das abelhas e comprometendo a polinização dessas lavouras.

A proteção dos peixes contra a contaminação por microplásticos torna-se, portanto, fundamental para garantir a produção vegetal, reforçando a interdependência dos elementos na natureza.

Os microplásticos, originados da degradação de objetos maiores como garrafas e sacolas, alcançaram níveis alarmantes de presença em ambientes aquáticos e organismos. Até mesmo a pulga-d’água, um microcrustáceo que se alimenta de matéria orgânica, tem apresentado nanoplásticos em seu interior, revelando o alcance da contaminação.

As características químicas e físicas dos microplásticos sofrem alterações durante sua jornada pelos ambientes aquáticos, dificultando a identificação dos polímeros originais. A exposição à radiação ultravioleta e outros fatores ambientais leva à degradação desses materiais, liberando partículas ainda menores, os nanoplásticos.

A problemática da poluição plástica deve ser incluída nas discussões sobre mudanças climáticas, considerando a cadeia de produção e o ciclo de vida dos plásticos. A grande maioria dos polímeros utilizados atualmente deriva de combustíveis fósseis, transformando os plásticos em “combustíveis fósseis em movimento”.

Embora representantes de diversos países tenham se reunido para negociar um acordo para enfrentar a poluição plástica, as discussões têm avançado lentamente, exigindo ações mais rápidas e efetivas.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *