Nos últimos meses, os ataques russos à capital da Ucrânia, entre outras cidades e regiões do país, se tornaram mais intensos e letais. Na madrugada da última terça-feira, no dia em que estava prevista uma reunião que finalmente não aconteceu entre os presidentes Volodymyr Zelensky e Donald Trump no âmbito da cúpula do G7, no Canadá, um ataque combinado de mísseis e drones deixou pelo menos 10 mortos em Kiev, onde os 12 funcionários da embaixada do Brasil, chefiados pelo embaixador Rafael de Mello Vidal, passam, como a grande maioria dos ucranianos, várias noites por semana em abrigos.

Segundo contou o embaixador ao GLOBO, “todos os dias são monitorados os ataques por dez canais de informação, e dependendo da frequência e tipo do ataque, é preciso dormir no abrigo. O ataque desta terça foi combinado [mísseis e drones], e são os que representam maior perigo”. Segundo autoridades locais, foi o segundo pior ataque desde o começo da guerra, em fevereiro de 2022.

Em noites como essa, o embaixador se refugia no abrigo de um hotel localizado próximo ao apartamento que aluga. Dependendo da intensidade do ataque, explicou Vidal, o protocolo de segurança orienta as pessoas a se protegerem em locais de seus apartamentos, por exemplo onde não há janelas, descer para andares mais baixos ou, nos casos mais perigosos, ir para abrigos.

— Temos dormido pouco, sobretudo nos últimos meses, quando se deu uma escalada maior. Já ficamos 48 horas sem dormir. O ataque da madrugada de terça foi o segundo pior, superado apenas por um da semana passada — contou o embaixador.

A Rússia lançou cerca de 400 drones, e entre 30 e 40 mísseis contra a Ucrânia.

— Passamos a noite ouvindo explosões, foi muito intenso. Sentamos em cadeiras, ou ficamos de pé, dependendo da quantidade de pessoas que estão no abrigo — diss Vidal.

O embaixador explicou que “drones também são muito perigosos, mas permitem mais tempo de reação. Os protocolos que temos nos indicam o que fazer em cada caso”.

— Se o ataque for combinado, com drones e mísseis, o melhor é ir para um abrigo. Desta última vez, não esperei sequer a primeira sirene. Estava claro que seria um ataque combinado e forte. Até alguns meses atrás, Kiev era poupada. Mas o cenário mudou — assegurou o embaixador.

A vida na capital ucraniana continua relativamente normal durante o dia, quando os ataques são pouco frequentes. Os ucranianos são resilientes, e, em palavras do embaixador, “não se entregam”. Mas as noites têm sido complicadas. Na manhã desta terça, Vidal foi convidado junto com outros embaixadores para presenciar um local atingido por um míssil de cruzeiro russo, em Kiev. O que se viu, contou o embaixador, “foi uma devastação enorme”.

— O míssil rachou o edifício, e muitas pessoas ainda estão soterradas. O míssil atingiu praticamente dois quarteirões em volta do edifício alvejado — contou Vidal.

Segundo o ministro do interior ucraniano, Igor Klimenko, o ataque da madrugada de terca atingiu 27 locais da capital, destruindo edifícios residenciais, instituições de ensino e infraestruturas críticas.

— As pessoas estão cansadas da guerra — concluiu o embaixador brasileiro.

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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