Equipes de resgate tentam, neste sábado (16/08), resgatar corpos soterrados no norte do Paquistão, onde fortes chuvas mataram 344 pessoas em apenas 48 horas. Nos últimos anos, o país vem enfrentando desastres climáticos, como inundações, transbordamentos de lagos glaciais e secas sem precedentes.
Nos últimos dois dias, a tempestade atingiu a província montanhosa de Khyber-Pakhtunkhwa, no norte do país, causando 307 mortes, segundo a Autoridade local de Gestão de Desastres. Muitas das vítimas foram arrastadas pelas enchentes, outras morreram no desabamento de casas, eletrocutadas ou atingidas por raios.
As chuvas devem se intensificar ainda mais nas próximas duas semanas. A Autoridade de Gestão de Desastres de Khyber-Pakhtunkhwa declarou que muitos distritos foram afetados e mais de dois mil integrantes de equipes de resgate foram mobilizados como reforço. Nesta província, na fronteira com o Afeganistão, atingida novamente por chuvas intensas neste sábado, os socorristas tentam encontrar sobreviventes ou resgatar corpos soterrados sob os escombros.
“Mas as fortes chuvas, deslizamentos de terra e estradas bloqueadas impedem que ambulâncias cheguem à área, e as equipes de resgate precisam se deslocar a pé”, disse Bilal Ahmed Faizi, porta-voz do serviço provincial de resgate, à AFP.
Na sexta-feira, um helicóptero de resgate caiu, matando cinco pessoas.
“Presos nos escombros”
As equipes de resgate “querem evacuar os sobreviventes, mas poucos concordam em partir porque muitos de seus entes queridos ainda estão presos nos escombros”, continuou Faizi.
“Esta manhã, quando acordei, a terra que nossa família cultivava há gerações e o pequeno campo onde jogávamos críquete há anos havia desaparecido”, disse à AFP Muhammad Khan, morador do distrito de Buner, que registrou 91 mortes.

Chuvas no Paquistão devem se intensificar ainda mais nas próximas duas semanas
Department of Foreign Affairs and Trade/Wikicommons
“Parece que a montanha inteira desabou. A área está coberta de lama e pedras enormes”, acrescentou o homem de 48 anos, descrevendo como retirou “19 corpos dos escombros”.
“Continuamos procurando parentes. Cada vez que encontramos um corpo, sentimos profunda tristeza, mas também alívio, porque sabemos que a família conseguirá recuperar os restos mortais”, explicou.
“Encontrei os corpos de alguns dos meus alunos e me pergunto o que eles fizeram para merecer isso”, lamentou Saifullah Khan, um professor de 32 anos.
Outras 11 pessoas morreram na Caxemira administrada pelo Paquistão, enquanto na Caxemira administrada pela Índia pelo menos 60 vítimas foram registradas e 80 pessoas ainda estão desaparecidas.
Por fim, cinco pessoas morreram na região turística de Gilgit-Baltistan, no extremo norte do Paquistão, um destino de verão popular para montanhistas de todo o mundo e que as autoridades agora recomendam evitar.
“Fase ativa das monções”
No total, desde o início desta monção de verão descrita pelas autoridades como “intensa” no final de junho, 657 pessoas, incluindo cerca de 100 crianças, morreram e 888 ficaram feridas.
De acordo com Syed Muhammad Tayyab Shah, da Autoridade Nacional de Gestão de Desastres, “mais da metade das vítimas morreram devido às más condições das construções”. Ele recomenda a limpeza das calhas para evitar o acúmulo de água e o desabamento de telhados, observando que a “fase ativa das monções”, que geralmente dura até meados de setembro, está apenas começando.
O Paquistão, o quinto país mais populoso do mundo, é um dos mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Seus 255 milhões de habitantes já sofreram inundações massivas e mortais, transbordamentos de lagos glaciais e secas sem precedentes nos últimos anos, e todos esses problemas tendem a se agravar sob a influência do aquecimento global, alertam os cientistas.