A franquia Os Estranhos nasceu em 2008, apostando no terror minimalista da invasão domiciliar e conquistando um status cult entre os fãs do gênero. Com a proposta de um remake dividido em três capítulos filmados de uma só vez, a expectativa era revisitar o material original com mais profundidade e coerência. No entanto, Os Estranhos: Capítulo 2 (2025), sequência direta do primeiro longa dessa trilogia, mostra que a escolha de fragmentar um roteiro de 260 páginas em três partes pode ser um fardo maior do que um diferencial.

Dando continuidade imediata ao final do primeiro capítulo, acompanhamos Maya (Madelaine Petsch) tentando se recuperar no hospital após sobreviver ao ataque dos psicopatas mascarados. Mas, ao descobrirem que a vítima ainda respira, os assassinos retornam para terminar o serviço, transformando sua recuperação em uma nova luta pela sobrevivência. Sem ninguém em quem confiar, Maya precisa enfrentar uma perseguição implacável que se estende do hospital até florestas e estradas isoladas, sempre na mira de vilões que parecem onipresentes.

Paris Filmes/Reprodução

O maior mérito do filme é, sem dúvida, a entrega de Madelaine Petsch. A atriz carrega a narrativa com intensidade, explorando bem o trauma da personagem e dando peso a momentos de tensão – mesmo quando o roteiro não ajuda. Sequências como a do necrotério, a do carro e a cena em que Maya precisa tratar sozinha seu ferimento demonstram um cuidado em retratar o estresse pós-traumático de forma convincente. A ambientação inicial no hospital abandonado (bem referência a Halloween 2) também cria uma atmosfera interessante, ainda que passageira.

Infelizmente, o resto não acompanha. O roteiro sofre com a fragmentação em três partes: ao invés de contar uma história sólida, o filme parece apenas um elo para chegar ao Capítulo 3. O resultado é uma narrativa arrastada, repleta de perseguições repetitivas e cenas longas que pouco acrescentam.
A tentativa de dar profundidade aos vilões por meio de flashbacks de infância soa deslocada e enfraquece o mistério. Além disso, decisões ilógicas da protagonista – que tem diversas oportunidades de neutralizar seus perseguidores, mas insiste em fugir – tornam a trama repetitiva e frustrante.

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Na direção, Renny Harlin opta por planos abertos prolongados e uma condução pouco inventiva, resultando em uma experiência cansativa. Para piorar, há sequências absurdas, como a do javali digital, que parecem pertencer a outro filme e só reforçam a sensação de improviso narrativo.

Os Estranhos: Capítulo 2 não é um desastre técnico, mas carece de ambição. Ao invés de expandir o universo ou reinventar a fórmula, o longa se contenta em ser uma ponte morna entre início e conclusão. O terror, que deveria ser motor da narrativa, acaba diluído em clichês, decisões pouco lógicas e repetição.

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No fim, o filme sobrevive graças ao talento de Madelaine Petsch, que se destaca como a verdadeira força da trilogia. Mas, isoladamente, este segundo capítulo deixa a impressão de que poderia ter sido encurtado ou até mesmo dispensado. Agora, resta saber se o Capítulo 3 trará as respostas e o impacto que tanto são prometidos. Eu sigo duvidando!

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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