A organização não governamental ambiental Amigos da Terra fez um apelo para que outros países sigam o exemplo do Reino Unido e retirem o apoio financeiro ao megaprojecto de gás natural da TotalEnergies, localizado em Moçambique.
A ONG, que tem contestado o investimento em Cabo Delgado há anos, incluindo através de acções judiciais, sublinha que a decisão do Governo britânico não implica o fim do projecto, mas que outros países poderão agora reavaliar a sua participação.
Criticando a “pegada climática” do empreendimento, a Friends of the Earth argumenta que as estimativas indicam que o gás extraído do campo poderá gerar cerca de 4,5 mil milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa ao longo da sua vida útil, valor superior às emissões anuais combinadas de todos os 27 países da União Europeia.
Asad Rehman, diretor executivo da ONG, afirmou que o “Governo do Reino Unido está absolutamente certo em retirar o apoio a este empreendimento profundamente prejudicial e controverso”, classificando-o como uma “enorme bomba-relógio de carbono” associada a graves reveladas dos direitos humanos. Rehman apelou, portanto, a outros países, como Itália, Japão, Estados Unidos e África do Sul, para reconsiderarem a sua participação no megaprojecto.
O anúncio da retirada do apoio financeiro pelo Reino Unido foi feito na segunda-feira durante uma sessão parlamentar, referindo um apoio de 1.150 milhões de dólares (988 milhões de euros) através do Fundo de Financiamento de Exportações do Reino Unido (UKEF), confirmado em 2020. Este financiamento foi suspenso após os ataques terroristas em Palma, que levaram a TotalEnergies a invocar ‘força maior’.
O secretário de Estado de Negócios, Comércio e Trabalho, Peter Kyle, declarou que, após uma análise detalhada, o Governo britânico decidiu limitar a participação do UKEF no projecto, considerando que os “riscos aumentaram desde 2020”. Ele acrescentou que o financiamento britânico não contribuirá para os interesses do país.
Em resposta a estas preocupações, o Presidente moçambicano classificou, no passado sábado, como falsas as acusações de violação dos direitos humanos relacionadas com o megaprojecto de gás da TotalEnergies, referindo que a Comissão Nacional de Direitos Humanos realizou uma investigação minuciosa na província de Cabo Delgado e não encontrou as questões levantadas por alguns órgãos de comunicação e investigação internacional.
