Lancha Cavalo Marinho I, que naufragou em agosto de 2017 na Baía de Todos os Santos — Foto: Afonso Santana

A travessia entre Mar Grande (Vera Cruz) e Salvador parou às 6h44 de 24 de agosto de 2017, quando a lancha Cavalo Marinho I virou a cerca de 200 metros do cais de Mar Grande. A viagem havia começado às 6h30 com 116 passageiros e 4 tripulantes; 19 pessoas morreram e 59 ficaram feridas. O relatório técnico da Capitania dos Portos apontou mar revolto naquele amanhecer e instabilidade estrutural: a embarcação adernou após o impacto de ondas e emborcou poucos minutos depois da saída.

O que as investigações concluíram

A Investigação de Segurança da Marinha mostrou que a lancha passou por alterações não refletidas nos cálculos de estabilidade e, na prática, não atendia aos critérios da NORMAM-02 para lotação máxima que constava dos planos aprovados. O documento também registra que a embarcação não tinha seguro vigente.

Em 20 de agosto de 2020, o Tribunal Marítimo responsabilizou o proprietário e o engenheiro responsável por negligência, aplicando multas e cancelando o registro de armador da empresa — medidas de natureza administrativa, sem efeito direto nas indenizações civis. Embargos opostos em 2020/2021 mantiveram a responsabilização.

Condenação criminal

A sentença criminal veio apenas agora, em 19 de agosto de 2025: a Vara Criminal de Itaparica condenou o comandante Osvaldo Coelho Barreto e o empresário Lívio Garcia Galvão a 9 anos e 13 dias de prisão por homicídio culposo e lesão corporal culposa. Eles recorrem em liberdade. A decisão foi proferida a seis dias de a tragédia completar oito anos.

No campo cível, decisões começaram a sair com maior frequência só este ano. Em junho de 2025, a Justiça Federal determinou que União, Agerba e a CL Transportes Marítimos paguem R$ 50 mil a um sobrevivente por danos morais (há outros processos em curso).

O que mudou na travessia

Após idas e vindas, o governo estadual definiu a substituição das lanchas de madeira por catamarãs — medida vinculada à ampliação do píer de Vera Cruz. O prazo máximo para a troca é de até dois anos após a entrega da obra. Em abril de 2025, uma nova operadora venceu a concessão da linha 1001 (Salvador–Mar Grande), responsável por implementar a nova frota até 2027, conforme o cronograma de investimentos.

Na época, o Blog do Valente entrevistou o casal Vando e Laís, que relatou como conseguiu sobreviver ao naufrágio. O vídeo será republicado junto a esta matéria no Blog.

Linha do tempo essencial

•24 ago 2017 — Embarcação vira minutos após deixar Mar Grande: 19 mortos e 59 feridos.

•ago 2017–out 2017 — Marinha conduz investigação técnica e publica relatório com falhas de estabilidade e ausência de seguro.

•20 ago 2020 — Tribunal Marítimo condena proprietário e engenheiro (sanções administrativas). Embargos rejeitados em 2020/2021.

•02 out 2024 — Estado anuncia substituição por catamarãs após obras no píer de Vera Cruz.

•04 jun 2025 — Justiça Federal fixa indenização de R$ 50 mil em um dos processos de vítimas.

•19 ago 2025 — Condenação criminal de comandante e dono: 9 anos e 13 dias; réus recorrem em liberdade.

Assista a entevista completa abaixo:

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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