O anúncio do levantamento da força maior da TotalEnergies no Projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL) do Rovuma, em Cabo Delgado, caiu esta semana como uma lufada de ar fresco sobre Moçambique.
Depois de anos de incerteza, violência e esperança, o país volta finalmente a respirar esperança.
Mais do que o regresso de uma gigante energética francesa, este passo representa o renascimento da confiança internacional em Moçambique — uma confiança que se tem vindo a reconstruir, lentamente, pedra sobre pedra, sob a liderança discreta e ponderada do Presidente Daniel Chapo.
Uma travessia longa e dolorosa
Quando, em 2021, a TotalEnergies declarou força maior após o ataque em Palma, muitos viram desvanecer-se o sonho de transformar o gás do Rovuma num motor de desenvolvimento nacional. O projeto — que prometia receitas bilionárias, milhares de empregos e um novo impulso industrial — parou abruptamente.
O país mergulhou num ciclo de incerteza. A insegurança em Cabo Delgado agravou-se. E, num reflexo do desânimo geral, até o autor destas linhas perdeu 320 mil dólares num pequeno projecto logístico em Pemba.
Os investidores se retraíram. E o Estado viu esvair-se uma das suas principais fontes de expectativa orçamental.
Mas, longe dos holofotes, uma diplomacia paciente começou a operar. O novo Presidente, que herdou um dossiê delicado, optou por não dramatizar o problema nem apressar soluções. Preferiu trabalhar em silêncio — dialogando, reformando, reconstruindo confiança.
A arte de falar baixo e agir fundo
A chamada diplomática silenciosa de Daniel Chapo tem sido um pouco espetacular, mas muito eficaz.
Não há proclamações triunfalistas nem confrontos públicos. Em vez disso, há diálogo com os parceiros internacionais, escuta atenta das comunidades locais, de forma cooperativa com os vizinhos da SADC e com o Ruanda, e, sobretudo, uma noção clara de que a paz e o investimento só florescem onde há dignidade e estabilidade.
O mais curioso é que, enquanto o país discute este feito, o Presidente Chapo voa para o Médio Oriente, numa missão de cinco dias, à procura de novas oportunidades e parcerias estratégicas para Moçambique.
Chapo sabe que não tem espaço para errar: o voto que lhe foi confiável é o voto do recomeço — o de reconstruir Moçambique, meio século depois da independência.
“Moçambique não quer apenas explorar gás; quer reconstruir vidas”,
afirmou o Presidente numa das suas reuniões com parceiros internacionais — uma frase que resume bem a sua visão de desenvolvimento com rosto humano.
Este estilo, discreto mas consistente, foi restaurado a adição junto aos grandes investidores. A TotalEnergies, que antes via riscos, hoje volta a ver potencial e estabilidade institucional.
O peso simbólico do momento
O levantamento da força maior não é apenas um gesto administrativo. É um sinal político: o mundo volta a olhar para Moçambique com respeito.
Para as comunidades de Afungi e Palma, significa emprego, família e dignidade.
Para o Estado, representa receitas fiscais e cambiais incluídas num momento de forte pressão financeira.
E para os jovens, reacende a esperança num futuro com oportunidades reais dentro do país.
Claro que os desafios permanecem. A paz ainda é frágil em partes do Norte, a pobreza é estrutural e a diversificação económica continua lenta. Mas há uma mudança de atmosfera, um sinal de que o país está reencontrando seu equilíbrio.
O futuro que se quer construir
O gás do Rovuma pode ser uma vitória — mas apenas se for gerido com visão e justiça.
Se as receitas forem bem aplicadas, poderá financiar educação técnica, energia doméstica, indústria transformadora e agricultura moderna. Caso contrário, Moçambique corre o risco de repetição do erro de outros produtores africanos: ricos em recursos, pobres em desenvolvimento.
O Presidente Chapo parece consciente disso. Ao adotar uma postura de prudência e foco na governança, tem-se que construir um modelo de crescimento inclusivo, onde o investimento estrangeiro se traduza em benefícios tangíveis para os moçambicanos.
Um novo capítulo, uma nova atitude
O regresso da TotalEnergies marca o início de um novo capítulo.
Um capítulo em que o Estado reafirma a sua autoridade sem perder humanidade; em que o investimento externo é bem-vindo, mas dentro de regras claras; e em que a diplomacia moçambicana demonstra que nem sempre é preciso gritar para ser ouvida.
O gás do Rovuma volta a simbolizar esperança — não apenas pelos milhões de dólares que pode gerar, mas pelo sinal de maturidade nacional que o seu regresso transmite.
Num continente frequentemente marcado por discursos inflamados e decisões apressadas, Moçambique ensina, mais uma vez, uma lição simples e poderosa:
às vezes, o progresso nasce do silêncio
O levantamento da força maior da TotalEnergies marca o renascimento da confiança no país e consagrou a diplomacia discreta do Presidente Chapo como uma força serena por trás da estabilidade.
