O que aconteceu no Qatar?
Explosões abalaram Doha na tarde de terça-feira, por volta das 15h horário local (12:00 GMT), enviando colunas de fumaça para o horizonte da cidade. Residentes relataram ouvir explosões em vários bairros, de acordo com a Al Jazeera.
Cerca de uma hora depois, o exército de Israel confirmou que havia atingido um complexo em Doha, alegando que abrigava líderes políticos seniores do Hamas envolvidos nas negociações de cessar-fogo. O Qatar rapidamente denunciou o ataque.
O ataque marcou uma escalada significativa, já que Israel havia previamente dependido do Qatar como local para negociações sobre Gaza.
Onde o ataque aconteceu?
Os mísseis atingiram o distrito West Bay Lagoon, uma área proeminente em Doha com embaixadas, escolas, supermercados e complexos residenciais. O bairro abriga tanto catarianos quanto expatriados.
O que o Hamas disse?
De acordo com um oficial do Hamas, os ataques visaram especificamente negociadores trabalhando na mais recente proposta de cessar-fogo dos EUA.
Suhail al-Hindi, membro do bureau político do Hamas, disse que figuras seniores Khalil al-Hayya e Khaled Meshaal estavam entre os alvos, mas sobreviveram. No entanto, o filho de al-Hayya, Humam, e um de seus assessores foram mortos, enquanto três guarda-costas permanecem desaparecidos.
“O sangue da liderança do movimento é como o sangue de qualquer criança palestina”, disse al-Hindi à Al Jazeera Arabic.
O que sabemos sobre as vítimas?
O Hamas relatou seis mortes no total. O Ministério do Interior do Qatar confirmou que um oficial de segurança catariano foi morto e vários outros ficaram feridos.
As autoridades disseram que equipes de segurança continuavam a inspecionar a área. “Equipes especializadas estão continuando a inspecionar e proteger a área atacada com a divisão de explosivos das forças de segurança interna”, disse o ministério.
O que Israel disse?
O escritório do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que o ataque foi executado exclusivamente por Israel.
“A ação de hoje contra os principais chefes terroristas do Hamas foi uma operação totalmente independente de Israel”, dizia o comunicado.
Netanyahu vinculou a decisão ao tiroteio de segunda-feira na Jerusalém Oriental ocupada que deixou seis colonos israelenses mortos. “O primeiro-ministro e o ministro da defesa acreditaram que a operação foi completamente justificada à luz do fato de que esta liderança do Hamas iniciou e organizou o massacre de 7 de outubro”, disseram.
O líder da oposição israelense Yair Lapid também elogiou a operação, chamando-a de uma conquista militar “excepcional”.
Como outros líderes palestinos reagiram?
Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, disse que o ataque a Doha foi um “ponto de virada que terá implicações perigosas” para a região.
“Esta operação é contra o Catar, que está liderando os esforços de mediação, e contra a liderança do Hamas que está discutindo a proposta americana. Existe pior falta de vergonha?”, ele perguntou.
Como o Catar respondeu?
Majed al-Ansari, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, condenou o ataque, chamando-o de “uma violação flagrante de todas as leis e normas internacionais e uma séria ameaça à segurança e proteção dos catarianos e residentes do Catar”.
Ele acrescentou: “O Estado do Qatar afirma que não tolerará este comportamento israelense imprudente e sua contínua interferência com a segurança regional, bem como qualquer ação visando sua segurança e soberania”.
O Ministério do Interior do Catar posteriormente tranquilizou os residentes de que a situação estava sob controle e pediu ao público para confiar em fontes oficiais de informação.
Qual é a situação mais recente no Qatar?
As autoridades confirmaram que o ataque atingiu uma instalação residencial do Hamas, mas enfatizaram que a situação geral permanecia segura.
A Qatar Airways anunciou que os voos não foram afetados.
Enquanto isso, a Embaixada dos EUA no Qatar brevemente ordenou que o pessoal se abrigasse no local, mas retirou o aviso mais tarde no dia.
Como a comunidade internacional reagiu?
Os ataques provocaram forte condenação de todo o Oriente Médio e além.
A Arábia Saudita denunciou a “brutal agressão israelense” e expressou total solidariedade com o Catar. A Turquia disse que o ataque mostrou que Israel não estava interessado na paz. Os Emirados Árabes Unidos chamaram-no de “flagrante e covarde”. O Irã condenou-o como uma violação do direito internacional, dizendo que deveria servir como um “aviso severo” para toda a região e a comunidade internacional para não permanecerem silenciosos diante dos crimes israelenses. O primeiro-ministro do Paquistão Shehbaz Sharif descreveu-o como uma “provocação mais perigosa”. O secretário-geral da ONU António Guterres alertou que violou a soberania do Qatar. Líderes do Egito, Kuwait, Jordânia, Iraque, Síria, Líbano, Marrocos, Argélia, Maldivas e do Conselho de Cooperação do Golfo também expressaram condenação. O presidente francês Emmanuel Macron chamou os ataques de “inaceitáveis, seja qual for a razão”, enquanto pediu que a guerra não se espalhasse mais na região. O Reino Unido alertou contra a escalada e esclareceu que não tinha conhecimento prévio da operação.
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