O que deveria ser um procedimento de rotina acabou se tornando um pesadelo para uma família em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Bruno Rodrigues Ventura dos Santos, de 29 anos, morreu após passar 18 dias em coma induzido, vítima de um erro durante uma sessão de hemodiálise. O entregador, que convivia com doença renal crônica, realizava o tratamento três vezes por semana em uma clínica conveniada ao SUS.
No dia do acidente, exames apontaram que Bruno foi contaminado com ácido peracético, substância altamente tóxica utilizada na limpeza das máquinas de hemodiálise. Em vez de receber o tratamento adequado, o produto foi injetado em seu organismo. O erro teria acontecido durante a troca de profissionais responsáveis pelo atendimento do paciente, segundo relatos da família.
A tragédia causou indignação porque Bruno vinha sendo acompanhado regularmente na mesma clínica e sempre atendido por uma técnica específica. No entanto, no dia do acidente, outra profissional teria assumido o procedimento. Poucas horas depois, o jovem já apresentava sintomas graves e foi encaminhado em estado crítico ao Pronto Socorro Central Dr. Armando Gomes de Sá Couto.

As consequências devastadoras da contaminação
Após a injeção acidental de ácido, Bruno desenvolveu um quadro clínico extremamente grave. Ele sofreu hemorragia cerebral, edema e insuficiência respiratória aguda, efeitos diretos da contaminação do organismo por uma substância que jamais poderia ter sido administrada em pacientes. A equipe médica precisou induzir o coma como tentativa de estabilizar o quadro, mas o jovem não resistiu.
A morte de Bruno chocou não apenas familiares e amigos, mas também profissionais de saúde e pacientes que dependem do mesmo tipo de tratamento. O erro expôs um risco que muitos desconheciam: a vulnerabilidade de quem precisa de hemodiálise para sobreviver. Isso levanta debates sobre a qualidade do treinamento das equipes, a fiscalização das clínicas e a segurança nos protocolos adotados.
A Prefeitura de São Gonçalo lamentou oficialmente a morte do jovem e disse se solidarizar com a família. Já a Secretaria Estadual de Saúde informou que está apurando o ocorrido e transferindo todos os pacientes da clínica Nice Diálise para outras unidades. O objetivo é evitar novos riscos enquanto as investigações seguem em andamento.
A investigação que busca respostas e justiça
O caso agora está sob investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Inicialmente, o inquérito havia sido registrado como lesão corporal por imperícia, mas, com a morte do paciente, passou a ser tratado como homicídio culposo. A mudança na tipificação penal indica a gravidade do episódio e amplia a responsabilidade dos envolvidos no erro.
Até o momento, não houve manifestação pública da clínica Nice Diálise. O espaço permanece aberto para que a unidade apresente sua versão dos fatos. Enquanto isso, familiares de Bruno exigem que os responsáveis sejam identificados e punidos, ressaltando que a vida do jovem foi interrompida por uma falha que poderia ter sido evitada.
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O episódio reacende uma preocupação maior: a necessidade de rigor na fiscalização das clínicas de hemodiálise em todo o país. Milhares de brasileiros dependem desse tratamento vital e não podem correr riscos tão graves. A tragédia de Bruno serve como alerta e reforça a urgência de protocolos mais rígidos e de responsabilidade profissional para evitar novas perdas irreparáveis.