Entre os anos de 2014 e 2021, um percentual significativo dos órgãos doados no Brasil não pôde ser transplantado devido a problemas relacionados ao transporte. Isso é particularmente preocupante num país onde cerca de 80 mil pessoas aguardam em lista de espera para transplantes. A eficácia no Transporte de Órgãos é crucial e pode mudar vidas, se conduzida de forma eficiente.
O Transporte de Órgãos, em muitas partes do mundo, é realizado em caixas térmicas comuns, semelhantes às usadas para alimentos e bebidas. Este método, contudo, expõe os órgãos a possíveis danos e variações de temperatura. Um grupo de pesquisadores tomou para si o desafio de melhorar essa realidade, desenvolvendo uma caixa transportadora que promete minimizar essas perdas através de um melhor controle da temperatura.
Quais são as inovações da Emais-SR?
O projeto Emais-SR, uma iniciativa da Safe-Tx com a colaboração de instituições como a Unifesp e o Instituto Mauá de Tecnologia, resultou no desenvolvimento de uma embalagem inteligente para oTransporte de Órgãos. Este projeto recebeu apoio financeiro significativo da Finep. A Emais-SR foi projetada para manter os órgãos na temperatura ideal, entre 8ºC e 10ºC, evitando qualquer deterioração durante o transporte. O isolamento térmico da caixa impede variações de temperatura e contaminação, empregando um sistema de refrigeração inovador, semelhante a um pequeno ar-condicionado isolado.

Como a tecnologia garante a segurança no transporte?
A Emais-SR proporciona monitoramento tecnológico avançado, permitindo rastreamento em tempo real da caixa e detecção de variáveis como impactos físicos. As informações são constantemente atualizadas para as equipes responsáveis, aumentando a segurança do trajeto. No entanto, o uso sustentável da embalagem apresenta desafios, pois, ao contrário dos coolers tradicionais descartáveis, a Emais-SR foi criada para ser reutilizável. A higienização de alto padrão é, portanto, essencial para prevenir contaminações entre usos.
Qual o impacto do projeto para o futuro dos transplantes?
O potencial impacto da Emais-SR na melhoria do Transporte de Órgãos no Brasil é substancial. Os testes têm sido realizados desde 2020 e a próxima fase incluirá validações clínicas em cenários reais. Esta etapa permitirá avaliar o desempenho do sistema de isolamento térmico e do monitoramento digital em rotas diversas e condições climáticas variadas.
O início da produção em massa da Emais-SR está previsto para 2026, com a esperada introdução no mercado em 2027. Esses avanços tecnológicos são vistos como uma forma estratégica de elevar a eficacia dos transplantes, beneficiando inúmeras vidas. A inovação pode, assim, transformar a maneira como os transplantes são realizados atualmente no Brasil, contribuindo para salvar mais vidas.

Dra. Anna Luísa Barbosa Fernandes
CRM-GO 33.271
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