Uma nova pesquisa publicada no periódico JAMA Cardiology revelou que o uso crônico de cannabis pode afetar de forma significativa a saúde cardiovascular — independentemente da forma de consumo. O estudo apontou que tanto fumantes de maconha quanto consumidores de comestíveis à base de THC apresentaram pior funcionamento arterial em comparação com pessoas que não usam a substância.

 

THC e o coração: uma relação mais perigosa do que se pensava

Conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco (UCSF), o estudo analisou o funcionamento das artérias de 55 adultos saudáveis, entre 18 e 50 anos, que não fumavam tabaco nem eram expostos regularmente à fumaça passiva. Os participantes foram divididos em três grupos: fumantes de maconha, consumidores de comestíveis com THC e não usuários.

A análise foi feita por meio de um teste simples, mas eficaz: os pesquisadores usaram uma braçadeira inflável para bloquear temporariamente o fluxo sanguíneo no antebraço e, em seguida, mediram com ultrassom o quanto a artéria braquial conseguia se dilatar após o estímulo — um indicador direto da saúde vascular.

Os resultados foram claros: entre os não usuários, a dilatação média das artérias foi de 10,4%, dentro da faixa considerada saudável (8% a 15%). Entre os usuários de maconha fumada, esse número caiu para 6%, enquanto os consumidores de comestíveis apresentaram dilatação ainda menor: 4,6%.

 

Danos silenciosos ao sistema circulatório

A dilatação insuficiente dos vasos sanguíneos é um sinal preocupante, segundo Matt Springer, pesquisador cardiovascular e coautor do estudo. “É uma janela para o futuro”, afirmou. A função vascular comprometida pode indicar maior risco de infarto e outros problemas cardíacos a longo prazo.

Testes adicionais com amostras de sangue dos participantes mostraram que, no caso dos fumantes, o THC prejudicou diretamente as células endoteliais — responsáveis por liberar óxido nítrico, substância que promove a dilatação dos vasos. Já entre os que ingeriram cannabis, esse efeito específico não foi observado, o que indica que os comestíveis podem afetar o sistema cardiovascular por outro caminho, ainda não compreendido.

 

Um alerta para o consumo cotidiano

O estudo reforça achados anteriores. Uma pesquisa de 2024 da Journal of the American Heart Association revelou que o consumo diário de cannabis pode aumentar em 25% o risco de infarto e em 42% o de AVC. Embora o consenso científico ainda esteja em formação, a evidência de que o THC afeta negativamente o sistema cardiovascular está se acumulando.

Os autores enfatizam que mais estudos são necessários para confirmar os achados em grupos maiores e investigar os mecanismos específicos dos comestíveis. Ainda assim, os dados já são suficientes para alertar sobre os riscos do uso regular de maconha, especialmente diante de sua crescente popularização nos Estados Unidos.

 

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *