Mais ou menos depressa, consoante as diferentes regiões do mundo, a transição energética tem estado a correr bem. De acordo com os dados da Bloomberg NEF (BNEF), o ano passado investiram-se 2,1 biliões de dólares (€1,8 bi­liões) na transição energética, mais do dobro do que se investiu em 2020 e um novo recorde mundial. Mas, como diz Albert Cheung, CEO delegado da BNEF, estamos agora “a entrar numa nova era da transição energética, com novos desafios para resolver”.

Parte deles advém da incerteza gerada pelas questões de segurança energética originadas pela guerra na Ucrânia e pelas tensões comerciais provocadas pelas tarifas de Donald Trump. Situações que estão a levar a “uma retração dos agentes económicos”, repara o professor João Peças Lopes. Mas outros destes novos desafios justificam-se com a escala que a transição energética já atingiu e a necessidade de se reinventar.

As questões à volta das 
renováveis e das tecnologias

É o caso das renováveis. “Nos mercados onde o solar e as eólicas já têm elevadas quotas, vemos os preços da eletricidade a descer [no mercado grossista]”, diz Albert Cheung, acrescentando que “há centenas de situações [na Europa] em que as centrais estão a produzir a preços negativos”. Por exemplo, de acordo com dados da BNEF, o ano passado Espanha registou preços abaixo de zero por 784 vezes, o que compara com as 198 vezes de 2023 e com as quatro de 2022. Ora, “isto aponta para um problema que pode vir a aparecer no financiamento das renováveis”, considera o responsável da BNEF, que esteve em Portugal para a conferência de entrega do Prémio REN 2025.

Procura mundial de baterias

Valores em GW/h

Outro caso é o das tecnologias emergentes, que, apesar da evolução que tem havido em todo este processo de descarbonização, “continuam caras”. O problema é uma pescadinha de rabo na boca. “Não temos procura suficien­te que justifique a rapidez dos desenvolvimentos e, não havendo maturidade tecnológica, a procura não existe”, explica João Peças Lopes, acrescentando que “isto desbloqueia-se com financiamento e políticas públicas que incentivem”. Por isso é que as expectativas para o hidrogénio são agora menos animadoras do que há uns dois ou três anos. “A nossa equipa entende que só terá custo competitivo algures nos anos de 2040 e, mesmo assim, só em mercados com fontes renováveis favoráveis”, considera Albert Cheung.

Aumentar ou substituir 
a rede elétrica?

Outro desafio é o da inteligência artificial (IA). De acordo com Manuela Veloso, responsável por esta área na JPMorganChase, a IA tem por base processos que “geram uma quantidade gigantesca de dados e sensores”, e por isso, acrescenta Albert Cheung, “vai depender de eletricidade, idealmente limpa”. De acordo com dados da BNEF, a procura de energia pelos centros de dados vai crescer quatro vezes nos próximos dez anos, de 400 terawatts hora (TWh) para 1600 TWh, “que é o consumo total da Índia hoje”, realça.

O que leva a um outro desafio: o de aumentar e/ou substituir a rede elétrica. É que à nova procura de eletricidade gerada pelos centros de dados é também preciso juntar a dos edifícios — tendencialmente menos dependentes de gás — e ainda a dos automóveis elétricos, cuja quota de mercado continua a crescer, estimando-se que este ano cerca de um quarto de todos os carros vendidos no mundo sejam elétricos.

Venda de novos carros elétricos de passageiros

Valores em percentagem

Mas aqui a IA pode ajudar, porque permite usar processos “dinâmicos, em vez de algoritmos fixos”, argumenta Manuela Veloso, ou seja, permite aumentar a flexibilidade com que a rede é gerida. Outro instrumento que pode ajudar é o armazenamento de energia, que “vai absolutamente ser a [tecnologia] que fará a diferença na próxima década”. Prova disso, diz, é que no próximo ano vão ser adicionados 100 gigawatts (GW) de armazenamento à rede global e há regiões do mundo onde as baterias para parques solares são mais competitivas do que outras soluções a gás.

Estes desenvolvimentos, mesmo em tempos de incerteza e em que “os entusiasmos estão mais moderados”, fazem com que quem trabalha no mercado energético se mantenha otimista no processo de descarbonização. Até porque não há alternativa. “Vivemos num mundo em que podemos ver os efeitos do clima com os nossos olhos”, repara Albert Cheung. Mas também vivemos num mundo em que “o consumo de energia vai continuar a crescer a um ritmo enorme e a eletricidade tem de vir das renováveis para combater as ameaças climáticas”, conclui João Peças Lopes.

TESE DE DOUTORAMENTO (€30 mil)

Vencedor Catalisador da energia renovável na África Ocidental
Autora Amadou Bissiri, Universidade de Coimbra

TESES DE MESTRADO

1º Prémio (€25 mil) Transição do gás para 100% hidrogénio
Autor André Dias, Fac. de Engenharia da Univ. do Porto

2º Prémio (€15 mil) Estudo numérico de uma coluna de água
Autora Catarina Cartaxo, Instituto Superior Técnico (IST)

3º Prémio (€10 mil) Técnicas de tomografia axial computadorizada

Autor Pedro Marques, IST

Menções Honrosas (€2500 cada)

Modelos de degradação de baterias no contexto africano

Autora Sofia Andrade, Fac. de Ciências da Univ. de Lisboa

Soluções híbridas de energia

Autor Miguel Tavares, IST

Medalhas de Mérito Científico REN-Ciência LP


Categoria Mulheres Investigadoras

1º Prémio (€5 mil)
Síntese do metanol através 
da oxidação direta de metano

Autora Leila Jossias

Categoria Estudantes e Investigadores

1º Prémio (€5 mil)
Simulação da Remoção Criogénica de H2S e CO2 do Gás de Síntese

Autor Gafar Muganharia

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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