A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) apresentou, nesta quinta-feira, a nova diretriz brasileira para o tratamento farmacológico da obesidade durante a abertura do Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica (CBOSM 2025), em Belo Horizonte.
- Quem é o personal trainer e marido de Carla Marins, que deixou o corpo da atriz definido aos 56 anos?
- ‘Precisava ver aquilo’: Mulher diz ter visitado o ‘céu’ e o ‘inferno’ após sofrer infarto e ficar clinicamente morta por 11 minutos
O documento foi construído com base nas evidências científicas mais atualizadas em consenso com 15 sociedades médicas do país, e deve ser publicado ainda no primeiro semestre deste ano. Ele traz recomendações práticas para profissionais da saúde sobre o uso adequado dos medicamentos, sempre associados a mudanças no estilo de vida.
As diretrizes passam a recomendar de forma prioritária os remédios considerados de alta ou moderada eficácia para tratar a obesidade, os chamados análogos de GLP-1. Pertencem a classe de medicamento a semaglutida, princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, da Novo Nordisk; a tirzepatida, do Mounjaro, da Eli Lilly, e a liraglutida, do Saxenda, também da Novo Nordisk.
Ao apresentar o documento, o diretor da associação, Alexandre Hohl, destacou que esses fármacos demonstraram “benefícios significativos” nos estudos clínicos, que foram além da perda de até 25% do peso. A semaglutida, por exemplo, reduziu em 20% os eventos cardiovasculares em pacientes com obesidade e histórico de doença cardíaca, enquanto a tirzepatida diminuiu a incidência de diabetes tipo 2 em 99% dos pacientes que estavam com pré-diabetes.
O documento também destaca que o uso dos remédios deve ser contínuo. Marcio Mancini, coordenador do Departamento de Farmacoterapia da Abeso, explica que os estudos mostraram que, “quando o medicamento é interrompido, o peso volta”. Por isso, a diretriz recomenda “manutenção terapêutica com reavaliação constante”.
- Para que serve o chá de casca de laranja? Estes são seus benefícios para a saúde e como prepará-lo
Além disso, o texto orienta dar início ao tratamento já de pacientes que tenham complicações relacionadas à obesidade, ainda que o índice de massa corporal (IMC) esteja abaixo de 30, ou seja, considerado sobrepeso.
A bula do Wegovy e do Saxenda, alternativas aprovadas para a obesidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de fato indica o tratamento para aqueles com obesidade, ou seja, IMC maior ou igual a 30, assim como para pacientes com IMC de 27 a 30 que tenham problemas de saúde relacionados ao peso, como hipertensão é diabetes.
- Evento da Editora Globo com a SBEM: Médicos alertam para riscos de versões manipuladas de Ozempic e semelhantes
O Ozempic, embora seja a mesma substância do Wegovy, tem o aval da agência para tratar diabetes tipo 2. O mesmo vale para a tirzepatida, do Mounjaro. Nos EUA, porém, a tirzepatida já recebeu o sinal verde para ser vendida também para tratamento da obesidade. Por lá, essa versão é comercializada com o nome Zepbound.
Por isso, as novas diretrizes brasileiras permitem o uso off-label (finalidade fora da bula) com base nas evidências clínicas e pesquisas que demonstrem eficácia e segurança. Mancini, porém, lembra que a estratégia para cada paciente deve ser individualizada.
- Maior patamar em 6 anos: Pesquisa do Ministério da Saúde aponta uso de cigarro eletrônico por 2,6% dos adultos do país
Outra mudança trazida no documento é a troca de objetivo do tratamento. Enquanto, antes, a meta era normalizar o IMC, a nova diretriz afirma que se deve buscar a perda de ao menos 10% do peso corporal com melhorias nas doenças associadas à obesidade.
Para Bruno Halpern, vice-presidente da Abeso, trata-se de “uma mudança de paradigma” para que o principal objetivo seja “promover saúde, funcionalidade e qualidade de vida com metas possíveis e sustentáveis”.
Fernando Gerchman, membro do Departamento Científico da Abeso e coordenador do grupo de trabalhos para a diretriz farmacológica, explica que o documento não é uma “receita de bolo”, mas um guia com base em evidências e na realidade do país, respeitando “a individualidade do paciente e valoriza a decisão compartilhada”.
O texto também contraindica versões manipuladas dos medicamentos, que é alvo de preocupação dos especialistas devido à ausência de avaliação da Anvisa e da comprovação de aquela formulação se trata de fato do princípio ativo buscado.