ZAP // yousafbhutta / Pixabay; WBD; HBO Max

A gigante do streaming Netflix vai comprar parte dos ativos do estúdio de cinema e televisão Warner Bros Discovery, incluindo a HBO e a plataforma HBO Max, num negócio de quase 83 mil milhões de dólares, na que será a maior aquisição no setor do entretenimento na última década.

Depois de vencer uma guerra de licitações com a Comcast e a Paramount, a Netflix, já a maior plataforma de streaming do mundo, vai adquirir os estúdios e ativos de streaming da Warner Bros. Discovery (WBD), por cerca de 83 mil milhões de dólares, pago em dinheiro e ações, anunciaram esta sexta-feira as duas empresas.

Segundo o The Washington Post, no âmbito da operação a gigante do streaming vai ficar com alguns dos ativos mais valiosos da WBD, incluindo o seu estúdio de cinema e televisão, a HBO e a plataforma HBO Max.

Os canais de cabo da WBD, incluindo a gigante de informação CNN, a TNT, TBS e Discovery, serão separados do grupo antes da conclusão do negócio — um plano divulgado em junho.

A fusão das vastas bibliotecas de conteúdos das duas empresas irá reforçar a capacidade da Netflix para “entreter o mundo”, escreveu Ted Sarandos, co-diretor executivo da Netflix, num comunicado citado pelo Post.

David Zaslav, presidente e diretor executivo da WBD, afirmou que o acordo vai “garantir que pessoas em todo o mundo continuarão a desfrutar das histórias mais marcantes de sempre durante gerações”.

A transação, que foi aprovada de forma unânime pelos conselhos de administração de ambas as empresas, deverá ser concluída dentro de 12 a 18 meses, disseram.

“Um desastre” para Hollywwod

A aquisição, a maior no setor do entretenimento desde que a Disney comprou a Fox por 71 mil milhões de dólares em 2019, terá ainda que ser autorizada pelos reguladores norte-americanos.

No entanto, a possibilidade de a Netflix ficar com a Warner Bros, a empresa por trás de sucessos como “Casablanca”, “Harry Potter” e “Friends”, está a gerar polémica no meio cinematográfico.

Segundo a Variety, James Cameron, realizador de “Titanic”, classificou a compra como “um desastre”, enquanto um grupo com alguns dos principais produtores de Hollywood está a pressionar o Congresso para que se oponha ao acordo.

“Não conseguiria imaginar uma forma mais eficaz de reduzir a concorrência em Hollywood do que vender a WBD à Netflix”, escreveu Jason Kilar, antigo CEO da Warner, no seu perfil no X.

No centro da indignação em Hollywood está precisamente Ted Sarandos, conta a agência AFP. O polémico executivo da Netflix, para quem chegou ao fim a era em que os espetadores corriam em massa às salas de cinema, ganhou o ódio de estimação da indústria do cinema dito “tradicional”.

Muitos veteranos da indústria consideram que as estreias em sala são essenciais para manter o prestígio e a atratividade do setor, em claro contraste com o conteúdo de streaming visto por um espetador sentado no sofá em casa ou em dispositivos móveis.

A guerra do streaming e o declínio da televisão tradicional têm provocado importantes reorganizações estratégicas entre os grandes protagonistas da indústria norte-americana, que está a assistir a uma consolidação do setor: para competir com a Netflix e a Disney, os concorrentes procuram unir forças.

É o caso da gigante Amazon, que adquiriu em 2021 o mítico estúdio MGM por 8,45 mil milhões de dólares, garantindo um catálogo de mais de 4.000 filmes, entre eles os das sagas “James Bond” e “Rocky”.

Na corrida para comprar a WBD estavam também a operadora Comcast e a Paramount Skydance, de Larry Ellison, um dos homens mais ricos do mundo e aliado próximo do presidente Donald Trump.

A Paramount é liderada por David Ellison, filho de Larry, que alguns analistas prevêem que poderá vir a pressionar diretamente a Casa Branca para bloquear a fusão entre a Netflix e a Warner Bros, com o argumento de que a operação iria diminuir a concorrência no setor.

Porém, como escreve um utilizador num comentário ao post de Jason Kilar, “vender a Warner à Netflix certamente diminuiria a concorrência, mas vendê-la à Skydance (onde o estúdio seria combinado com a Paramount) ou à Comcast (onde seria combinado com a Universal) não reduziria ainda mais a concorrência?”.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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