É falso que botijões de gás de cozinha adulterados com metanol estejam sendo comercializados, como alegam peças de desinformação nas redes. Em nota ao Aos Fatos, o Ministério de Minas e Energia e o Ministério da Justiça e Segurança Pública negaram ter recebido qualquer notificação similar. Até o momento, os casos de contaminação estão restritos ao consumo de bebidas alcoólicas destiladas.

As peças enganosas somavam 1.200 curtidas no Instagram e 70 mil visualizações no TikTok até a tarde desta sexta-feira (10).

Gás de cozinha foi adulterado com metanol

Print de vídeo compartilhado no TikTok. A imagem mostra botijões de gás empilhados em um ambiente externo. Na parte superior, há a frase 'Gás de cozinha adulterado com metanol' em letras grandes e vermelhas, acompanhada de uma imagem de galões marrons rotulados com a palavra 'Metanol'. Na parte inferior, aparece uma pessoa de uniforme escuro, com o rosto pixelado pelo Aos Fatos para preservar sua identidade, posicionada em frente aos botijões.

Posts nas redes mentem ao afirmar que botijões de gás adulterados com metanol estão sendo distribuídos no país. O MME (Ministério de Minas e Energia) e o MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) negaram ao Aos Fatos terem recebido qualquer alerta similar.

O MME pontuou que não há uso de metanol em nenhuma das etapas de produção, importação, armazenamento, transporte, distribuição e revenda de GLP (gás liquefeito de petróleo).

“A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis especifica o gás liquefeito de petróleo como uma mistura entre hidrocarbonetos, propano e butano. Portanto, não há possibilidade de eventual contaminação cruzada no processo produtivo com o metanol”, diz um trecho da nota da pasta.

Em busca na imprensa e em canais oficiais, a reportagem também não localizou nenhuma informação sobre acidentes industriais ou erros no processamento e envase do gás de cozinha que tenham resultado na contaminação do produto pelo composto tóxico.

Em reportagem anterior, o Ministério da Saúde e a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) já haviam afirmado que os casos de contaminação registrados até o momento estão relacionados a bebidas alcoólicas destiladas — ou seja, não se aplicam a outras bebidas, como água, café e leite, nem a alimentos.

Apesar de não ser usado nas etapas de produção do GLP, o metanol pode ser usado para adulterar outros combustíveis, como etanol ou gasolina. Embora seja usado em carros de competição nos Estados Unidos, em motores de veículos de passeio, que não estão preparados para recebê-lo, o composto é corrosivo e provoca danos nos componentes internos.

Casos de intoxicação. Segundo o levantamento mais recente do Ministério da Saúde, divulgado na última quarta-feira (8), foram confirmados 24 casos de intoxicação por metanol associados ao consumo de bebidas alcoólicas. Até o momento, cinco pessoas morreram — todas em São Paulo.

A Polícia Civil de São Paulo investiga se o composto foi usado para higienizar garrafas em fábricas clandestinas de bebidas alcoólicas. Já a Polícia Federal apura se houve atuação do crime organizado na adulteração dos produtos.

A recomendação das autoridades no momento é evitar o consumo de bebidas alcoólicas, especialmente as destiladas, enquanto não há conclusões sobre a origem da contaminação.

Aos Fatos já desmentiu uma série de peças de desinformação sobre a crise. Veja aqui o que checamos até o momento.

O caminho da apuração


Aos Fatos consultou o MJSP e o MME, além de documentos oficiais e reportagens anteriores sobre o tema, para confirmar se havia registros de contaminação por metanol fora do contexto de bebidas alcoólicas destiladas.


Verificamos ainda dados de boletins epidemiológicos e informações de investigações conduzidas pela Polícia Civil de São Paulo e pela Polícia Federal.


By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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