O que estão compartilhando: que o refrigerante da marca Coca-Cola estaria sendo adulterado com metanol. O vídeo é narrado por uma figura parecida com a da apresentadora Renata Vasconcellos, do Jornal Nacional.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), informou que não recebeu nenhum alerta sobre indícios de contaminação por metanol em refrigerantes da Coca-Cola. Até o momento, as informações divulgadas pela imprensa e por órgãos oficiais, como o Ministério da Saúde (veja aqui), apontam adulteração de bebidas alcoólicas.
Ferramentas de detecção de inteligência artificial indicam que a imagem de Renata foi gerada de forma sintética; o Jornal Nacional não veiculou nenhuma notícia sobre contaminação de Coca-Cola com metanol.
Não há registros de contaminação de refrigerantes da Coca-Cola por metanol Foto: Reprodução/Facebook
Saiba mais: desde que começaram as investigações sobre casos de intoxicação por consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, postagens nas redes sociais tentam incitar pânico ao citar outros produtos que estariam contaminados.
Nos últimos dias, diferentes publicações têm compartilhado que o refrigerante da Coca-Cola estaria adulterado com metanol. Alguns conteúdos citam investigações em São Paulo, enquanto outras postagens alegam que a contaminação seria em todo o País.
Ao Verifica, a Coca-Cola classificou os vídeos como falsos. “Não existe qualquer relação entre nossos produtos e os casos mencionados, nem há nenhuma investigação em andamento sobre a companhia”, informou, em nota.
Neste domingo, 5, o Ministério da Saúde divulgou que há 225 registros de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica no Brasil, levando em consideração casos investigados e confirmados. Em todo o País, são 16 casos confirmados, sendo que São Paulo concentra a maioria das notificações.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou à reportagem que a Polícia Civil não divulgou qualquer informação sobre marcas de bebidas contaminadas com metanol. Questionada sobre a adulteração em refrigerantes, a Secretaria disse “não ter conhecimento”.
Em nota ao Verifica, o Ministério da Justiça e Segurança Pública também negou ter alertas sobre contaminação de refrigerantes da Coca-Cola. A pasta informou que, até o momento, as investigações apontam que a contaminação ocorreu somente em bebidas destiladas.
Como explicou o Estadão, o metanol em forma pura tem gosto levemente adocicado e alcoólico, parecido com o etanol. Em destilados com 30% ou 40% de teor alcoólico, o sabor não é perceptível.
Vídeo usa deepfake de Renata
Um dos vídeos verificados parece mostrar a jornalista Renata Vasconcellos, apresentadora do Jornal Nacional, da TV Globo, divulgando a informação da contaminação. No entanto, não há registros de que o telejornal tenha noticiado adulteração de Coca-Cola por metanol.
O Verifica submeteu o conteúdo à ferramenta Hiya/InVID, que afirma detectar uso de inteligência artificial em áudios. A análise concluiu que há 98% de probabilidade de a mídia ter sido manipulada por clonagem de voz.
Análise do Hiya/InVID aponta que áudio foi manipulado por Inteligência Artificial Foto: Reprodução/Hiya/InVID
Além da análise, vale destacar que o vídeo contém indícios de que foi gerado por IA. As evidências incluem movimentos pouco naturais do lábio e falas robotizadas. Esses erros são característicos de mídias criadas pela tecnologia.
Recentemente, o Verifica checou outro vídeo que manipulava a imagem da jornalista para falsear informações.
Como lidar com postagens do tipo: a contaminação de bebidas alcoólicas por metanol se tornou um dos assuntos mais comentados entre a população nos últimos dias. É comum que desinformadores usem informações relevantes para fabricar alegações que causem pânico ou medo, principalmente porque os criadores destes conteúdos costumam usar gatilhos emocionais para persuadir usuários. Antes de acreditar em postagens suspeitas, faça uma busca em fontes confiáveis.
Este conteúdo também foi checado pela agência Boatos.org.