O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Caarapó, instaurou procedimento para apurar denúncias de contaminação por agrotóxicos na Terra Indígena Guyraroka, onde vivem famílias Guarani Kaiowá. A medida foi adotada após reportagens denunciarem a pulverização aérea de defensivos agrícolas e a presença de resíduos tóxicos nas águas consumidas pelos moradores.
O procedimento, conduzido pelo promotor Alexandre Estuqui Junior, prevê expedição de ofícios à Polícia Militar Ambiental (PMA), à Iagro, ao Imasul e à UFMS, com o objetivo de verificar a legalidade da aplicação de agrotóxicos, identificar eventuais violações ambientais e analisar a qualidade da água da nascente do Córrego Ypytã, além de outros recursos hídricos da região. A Câmara Municipal de Caarapó também deverá informar se há legislação específica sobre pulverização aérea no município. Os órgãos têm prazo de 15 dias úteis para apresentar relatórios.
Segundo relatos obtidos pela reportagem, a comunidade é composta por 12 bebês, 37 crianças, seis idosos e quatro gestantes, todos potencialmente expostos aos efeitos dos defensivos agrícolas. Além dos riscos à saúde, os indígenas enfrentam dificuldades para plantar alimentos devido à contaminação da terra. Até 2018, a área era ocupada por pastagens; desde então, o avanço da soja e do milho intensificou o uso de agrotóxicos.
O MPMS informou que acompanha o caso com prioridade, visando à proteção da saúde da população indígena e à preservação ambiental.