Cadáveres teriam sido retirados da área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde ocorreram os confrontos mais violentos entre policiais e traficantes
Corpos foram levados à praça no Rio de Janeiro – Pablo Porciúncula/AFP
Após a megaoperação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, levaram pelo menos 64 corpos até a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, no centro da comunidade.
Os cadáveres teriam sido retirados da área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, onde ocorreram os confrontos mais violentos entre policiais e traficantes.
Numa comparação com o cenário de guerra de terça-feira, que teve o dia marcado pelos sons de explosões e tiros, nesta quarta-feira a comunidade está em silêncio profundo.
A todo o momento, pessoas se aproximam e levantam plásticos e tecidos que cobrem os cadáveres para fazer o reconhecimento.
Os corpos continuaram a serem retirados da mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia ao longo da madrugada. Às 3h, uma fileira de cadáveres, encobertos por lonas de plástico de cores azul e preta, começava se formar na Praça São Lucas, na Estrada José Rucas.
Nas horas seguintes mais corpos foram levados até o local. Eles chegam no endereço transportados em caçambas de caminhonetes e são retirados pelos próprios moradores, antes de serem adicionados à fileira que já soma dezenas de mortos.
No início da manhã, por volta de 7h30, mais corpos ainda chegavam à praça.
Moradores da comunidade se aproximam da fileira e levantam os lençóis e cobertores para ver os rostos dos mortos. No entorno, dezenas de moradores da comunidade observam a cena e apontam para os corpos, enquanto outros enxugam lágrimas.
A operação ocorreu na terça-feira. Segundo dados oficiais do governo, 60 pessoas morreram, em sua maioria suspeitas de tráfico, além de quatro policiais. Não há confirmação se os corpos levados pelos moradores estão incluídos nesse total, o que pode indicar um número ainda maior de vítimas.
Moradores relatam que ainda haveria mortos no alto do morro, aumentando a apreensão sobre o real tamanho da tragédia. O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, afirmou ao g1 que investigará a situação envolvendo os corpos levados pelos moradores.
