“Não foi só uma explosão, foi uma sequência de explosões”, lembra a nutricionista Yandra Steola, 26, que mora na região do Tatuapé com o pai, a mãe e a avó, e sentiu de perto os efeitos da explosão ocorrida na noite de quinta-feira (13). Apesar de ninguém ter saído ferido, a casa da família, assim como várias outras na região, ainda será vistoriada pela Defesa Civil.
Na manhã seguinte ao incidente, em meio aos escombros, moradores se reuniam em frente às suas casas, que já estavam com a fita laranja de interdição da Defesa Civil. Nas valetas dos esgotos acumulavam-se os recipientes dos fogos de artifício responsáveis pela explosão, e toda a região ainda tinha cheiro de pólvora.
— O pior é agora, o dia seguinte. Ontem a gente ficou a noite inteira acordada, e agora vê tudo isso aqui — comentou Yandra. — A gente não sabia o que era. Meu pai pensou que era um balão, mas a explosão foi muito grande pra isso.
Vizinhos sob risco: Defesa Civil interdita 23 imóveis próximos ao depósito de fogos de artifício incendiado
No momento do incidente, a jovem estava saindo do quarto e só ouviu a janela se quebrando. Sua avó, Neusa Saviolli, de 90 anos, tinha acabado de deixar outro cômodo da casa, onde havia ido buscar um remédio, e por pouco não foi atingida pelos escombros do teto, que desabou.
— Foi um livramento, graças ao meu altar, que fica aqui — disse Neusa, apontando para uma série de imagens religiosas organizadas na cômoda.
Como apenas um quarto da casa foi atingido, a família, mesmo sem luz, recebeu vizinhos que não podiam entrar em suas residências e organizou um café da manhã.
Dona Irene Mariano, sogra de Elaine Paiva — que sofreu traumatismo e ainda está internada — , é proprietária da casa vizinha à explosão. Sua nora estava na cozinha quando o estouro aconteceu. Elaine foi jogada contra a parede e bateu a cabeça. Além da nora, o neto de Irene também estava em casa durante a explosão. Caio teve ferimentos nas mãos. Ambos foram encaminhados ao Hospital Nipo-Brasileiro, foram medicados e não correm risco de morte.
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O cachorro da família, Fred, foi um dos animais que fugiu em meio à confusão. O dachshund, um cachorro salsicha malhado, passou a noite na rua antes de ser encontrado pela manhã.
— O Caio vai ficar tão feliz. Capaz de a Elaine até melhorar quando ficar sabendo que acharam ele — comentou Irene, que estava em frente à casa durante toda a manhã, vendo o que poderia ser recuperado, quando recebeu a notícia sobre o animal de estimação.
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Também estavam no portão de casa o casal Joseli Silvestre e José da Silva Filho. Três pessoas estavam na residência no momento em que sentiram o impacto. A família relatou que, após terem sido jogados para longe, o primeiro momento foi de confusão. Terremoto, avião, balão — tudo foi considerado.
— Quem alugava a casa (onde aconteceu a explosão) morava aqui havia pouco tempo, e ninguém suspeitava de nada, não tinha como. Vinha, deixava o carro e saía — comentou, se referindo a Adir de Oliveira Mariano, que morreu no local da explosão e é apontado pela polícia como o responsável por armazenar fogos de artifício clandestinamente.
O mesmo relato foi feito por outros moradores ouvidos pela reportagem. Ninguém conhecia Mariano e tampouco suspeitava que ali havia explosivos.
De acordo com a Defesa Civil, após vistoria, 23 imóveis foram interditados — parte com interdição total e os demais com interdição parcial. A equipe de engenheiros da Subprefeitura Mooca está no local para nova vistoria.
