Na manhã desta segunda (21), moradores da comunidade Taquaras, em Esmeralda (MG), ficaram surpresos ao perceber a água esbranquiçada do Rio Paraopeba, que foi contaminado pelo rompimento da barragem de Brumadinho, há seis anos. Segundo a população local, o rio nunca ficou com aquela coloração, o que já resultou, nas últimas horas, na mortandade de peixes. 

Água 'embranquecida' do Rio Paraopeba preocupa moradores

Água ‘embranquecida’ do Rio Paraopeba preocupa moradores

A moradora Patrícia Passarela, liderança local na mobilização por reparação aos atingidos, disse que o rio estava com uma coloração normal neste domingo (20), mas que todos se surpreenderam ao ver a “água branca leitosa”, como definiu, nesta segunda.

Ela explica que a primeira suspeita foi das dragas posicionadas na proximidade para extração da areia, mas que os funcionários no local negaram qualquer problema. Até agora, nenhum morador descobriu o motivo da cor, mas todos estão preocupados, devido ao histórico, afirma Patrícia.

— Nunca ficou assim. Solicitei na comunidade para ninguém comer peixe, nem faz outra atividade hoje no rio – disse a moradora.

Os peixes mortos seriam da espécie Surubim, uma das populações que mais se reduziu desde a tragédia de Brumadinho, explica Patrícia. Ela diz que o mesmo aconteceu com os Pacamã e os Dourados, o que afetou gravemente a comunidade Taquaras, cuja principal renda é a pesca.

— Taquaras é comunidade do turismo da pesca. Todos aqui viviam desse turismo – afirma Patrícia, que diz que, mesmo com a contaminação do rio após o rompimento da barragem, muitos moradores voltaram a usar o rio. — As pessoas não param de usar porque é cultural, usam para pesca, tem comunidades que continua usando pra irrigação. Muitos peixes desapareceram, mas outros parece que se adaptaram à contaminação.

Em Taquaras, Patrícia diz que 128 casas ficaram danificadas após a tragédia de Brumadinho, incluindo a sua. Ela relata também que o desequilíbrio ambiental resultou na aparição de animais que não eram habitantes daquele ecossistema, incluindo até onça pintada, raposa vermelha e sucuris.

Como reparação após a tragédia, a Vale, que controlava a barragem do Córrego do Feijão em Brumadinho, se comprometeu em recuperar o Rio Paraopeba. Mas, segundo estudo do Instituto Guaiacuy, que realiza Assessoria Técnica Independente (ATI) na região, nem um terço dos rejeitos haviam sido removidos do rio até o ano passado.

Originalmente, o Plano de Recuperação Socioambiental previa a limpeza do trecho 1 do rio até dezembro do ano passado, aponta o Guaiacuy. Mas, em outubro de 2024, a Vale apresentou um novo cronograma, com a conclusão do trecho 1 neste ano, do trecho 2 em 2026 e o restante até 2027. 

Segundo um estudo do Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab), outra Assessoria Técnica Independente (ATI)  a retirada completa dos resíduos do Rio pode levar de 44 anos, no melhor cenário, até 741 anos, no pior.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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