Um estudo abrangente, realizado pela organização Sea Shepherd Brasil em colaboração com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), revelou dados alarmantes sobre a poluição por plásticos ao longo da costa brasileira. A pesquisa, intitulada Expedição Ondas Limpas, percorreu mais de 7 mil quilômetros, abrangendo 306 praias em 201 cidades, desde o Chuí, na divisa com o Uruguai, até Oiapoque, no extremo norte do país, entre abril de 2022 e agosto de 2023.
O levantamento destacou duas cidades do litoral paulista, Mongaguá e São Vicente, como as mais afetadas pela contaminação por resíduos plásticos. Mongaguá registrou uma das maiores concentrações de microplásticos do Brasil, com 83 fragmentos por metro quadrado, posicionando-a como a segunda praia mais poluída do país. Por sua vez, São Vicente lidera o ranking em relação aos macrorresíduos, com uma média de 10 itens plásticos por metro quadrado.
Os resultados da expedição foram preocupantes: todas as praias brasileiras apresentaram algum tipo de plástico em suas areias, e microplásticos foram detectados em 97% das amostras coletadas. O estudo evidenciou que 91% dos resíduos encontrados eram plásticos, dos quais 61% correspondem a itens descartáveis, como tampas de garrafa. Entre os macrorresíduos, as bitucas de cigarro destacaram-se como as mais frequentemente encontradas.
As áreas costeiras das regiões Sul e Sudeste do Brasil foram apontadas como as mais impactadas pela poluição plástica. Este panorama alarmante sublinha a gravidade da situação ambiental enfrentada pelas praias brasileiras e a necessidade urgente de implementar políticas eficazes para limpeza e preservação dessas áreas.
A Expedição Ondas Limpas se diferencia de estudos anteriores que eram limitados em escopo e metodologia. A abordagem adotada visa proporcionar um entendimento mais amplo da realidade enfrentada nas praias do Brasil. Apesar de algumas limitações nas amostras em áreas específicas, os dados obtidos servem como um alerta para gestores locais que buscam desenvolver estratégias efetivas para mitigar os impactos da poluição.
Adicionalmente, muitos dos resíduos identificados poderiam ter sido reciclados adequadamente, mas foram descartados incorretamente, exacerbando a degradação dos ecossistemas costeiros. A prevalência de plástico nas praias brasileiras aponta para um problema estrutural relacionado ao descarte inadequado de resíduos e ressalta a necessidade premente de iniciativas contínuas voltadas à conscientização pública, reciclagem e preservação ambiental.