Não é verdade que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que foi identificada a presença de metanol na água e na Coca-Cola, como alegam posts nas redes. Além de não haver comunicados similares em canais oficiais e na imprensa, os registros de envenenamento pela substância até o momento estão relacionados apenas ao consumo de bebidas alcoólicas destiladas.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 15 mil visualizações no TikTok e 1.600 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quinta-feira (16).
Alerta urgente! Ministro da Saúde confirmou que agora o metanol foi encontrado até na água e em garrafas de Coca-Cola em algumas regiões do Brasil. Isso mesmo, o líquido mais consumido do país pode estar contaminado por uma substância letal. Segundo o ministro, as análises apontaram presença de metanol em produtos engarrafados com lacre de rosca, o que acendeu o alerta máximo nas autoridades.

Publicações nas redes mentem ao afirmar que o ministro Alexandre Padilha teria anunciado a presença de metanol na água e em garrafas de Coca-Cola que estão sendo distribuídas pelo país. Além de não haver qualquer registro em canais oficiais e na imprensa sobre o suposto comunicado, os casos de contaminação se restringem até o momento ao consumo de bebidas alcoólicas destiladas.
A reportagem consultou os canais oficiais do Ministério da Saúde e veículos de imprensa para analisar os últimos anúncios realizados por Padilha. A fala mais recente do ministro sobre a crise ocorreu no último dia 6, em uma entrevista à imprensa em que foram atualizados os números de intoxicações e anunciada a ampliação da capacidade de análise dos casos em investigação.
Na ocasião, Padilha não mencionou a existência de nenhum registro de intoxicação por metanol após a ingestão de água, refrigerante ou outra bebida não alcoólica.
Já em entrevista no último dia 4, o ministro pediu à população que tivesse atenção ao consumir bebidas envasadas em garrafas com tampas de rosca — o que é mencionado pelas peças enganosas —, devido à facilidade de adulteração. Mais uma vez, no entanto, não há qualquer menção a casos de intoxicação por bebidas não alcoólicas (veja abaixo).
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Saúde para que a pasta comentasse as alegações, mas não houve retorno até a publicação.
As ocorrências de intoxicação estão sendo investigadas pelas polícias, pelo MPF (Ministério Público Federal) e pela AGU (Advocacia-Geral da União). Entre as hipóteses em apuração estão a contaminação durante a higienização de garrafas, o uso do metanol barato para adulterar bebidas e até erros no processo de destilação.
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O último boletim informativo do Ministério da Saúde, divulgado na quarta-feira (15), confirmou 41 casos e oito mortes por intoxicação por metanol. Outros dez óbitos continuam em análise.
Durante a crise, as autoridades recomendam que a população:
- Evite beber destilados, especialmente os que não têm cor;
- Caso opte por beber, certifique-se da origem da bebida;
- Não aceite bebidas de estranhos;
- E mantenha-se alimentado e hidratado antes e durante o consumo.
O caminho da apuração
Aos Fatos buscou informações na imprensa e nos canais oficiais do Ministério da Saúde e não identificou registros que comprovem notificações sobre a contaminação de água ou refrigerante por metanol no país. Também tentamos contato com a pasta, mas não obtivemos retorno. Por fim, foram consultadas notícias publicadas por outros veículos de imprensa para contextualizar a verificação.