Três mineradoras investigadas pela Polícia Federal por denúncias de corrução na obtenção de licenças ambientais estão entres as que fundaram, em abril de 2023, a Associação das Mineradoras de Ferro do Brasil (AMFB). São elas a Fleurs Global, HG Mineração e Onix Mineração. A entidade foi fundada e é presidida por João Alberto Paixão Lages, que está preso por ser, de acordo com a investigação da PF, um dos três cabeças do esquema de corrupção.
Segundo a Polícia Federal, João Alberto Lages, que foi deputado estadual entre 2011 e 2018, é sócio da Fleurs Global e responsável pelas relações institucionais do grupo criminoso.
O ex-deputado responde também a processo criminal por ter ameaçado a secretária de Meio Ambiente de Minas, Marília Melo, em fevereiro de 2023, caso não determinasse a realização de audiência publica do processo de licenciamento ambiental da Fleurs Global, na Serra do Curral, entre Belo Horizonte e Nova Lima. O inquérito, aberto pela Polícia Civil, foi transformado em processo criminal e distribuído à 2ª Vara de Garantias de Belo Horizonte no último dia 1º deste mês.
Das 14 empresas de mineração que estão sendo investigadas pela PF, nenhuma tem site na internet. Duas delas aparecem em publicação de outras instituições devido a denúncias de violação da legislação ambiental.
Uma delas é a Patrimônio Mineração, que teve suas atividades suspensas por ter soterrado, em Ouro Preto, uma caverna que não constava nos estudos apresentados pela empresa quando de seu licenciamento ambiental. A lavra da Patrimônio fica próximo à comunidade de Botafogo. A manutenção do embargo foi decidida pela juíza Ana Paula Lobo Pereira de Freitas, da 2ª Vara Cível de Ouro Preto.
A outra mineradora que tem presença na internet devido a problemas na área ambiental é a Onix Céu Aberto, cujo licenciamento foi suspenso pelo desembargador federal Álvaro Ricardo de Sousa, do Tribunal Federal Regional da 6ª Região (TRF-6), atendendo a um pedido da Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais, que apontava a falta de consulta prévia ao Quilombo Queimadas, comunidade tradicional que seria impactada pelo projeto Céu Aberto.
Em seu site, a AMFB, da qual Ônix é associada, se apresenta como uma entidade que se propõe a trabalhar pautada pelo “diálogo e engajamento com a sociedade e o meio ambiente”.
“Almejamos transformar nosso setor, tornando a mineração cada vez mais ética, inclusiva e sustentável. Trabalhamos para construir um futuro no qual nossa atividade se conecte cada vez mais às necessidades do planeta e, sobretudo, das pessoas. Somos uma ponte entre o passado e o futuro, abraçando a evolução contínua do nosso setor e atuando de forma consciente e responsável. Juntos, podemos assegurar um legado de desenvolvimento sustentável para as futuras gerações, pautados sempre na responsabilidade social e ambiental. AMF. Compromisso hoje, com o amanhã”, diz o texto de apresentação da entidade.
A AMFB foi contatada por O Fator mas não respondeu à solicitação de entrevista.