Treinamento para coleta do material genético de árvores nativas afetadas pelas enchentes de 2024 ocorreu na quinta (Foto Divulgação)

Por Ellen Schwade (Com informações da Seapi) / Da Agência de Notícias da UFSM

O Projeto Reflora é uma iniciativa do Governo Estadual que tem como objetivo desenvolver técnicas que possam reproduzir mudas de árvores nativas para recuperar as áreas de flora que foram afetadas durante as enchentes de 2024.

A UFSM é uma das quatro universidades selecionadas para fazer parte do projeto, juntamente com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).

Na quinta-feira (21) foi realizada a primeira atividade prática do programa, o curso de escalada de árvores nativas, no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Florestal (Ceflor), órgão estadual situado em Santa Maria, um dos locais onde as mudas serão produzidas. O treinamento para a coleta de material genético reuniu professores e alunos do mestrado e doutorado em Engenharia Florestal da UFSM. 

Como funciona?

Para recuperar as áreas afetadas pelas enchentes de 2024, o Reflora busca desenvolver novas mudas das árvores nativas que foram danificadas. Para esse processo, o grupo vai aplicar uma tecnologia desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) – que também integra o projeto – após o desastre de Brumadinho, em Minas Gerais. Assim, as mudas vão levar entre cinco e oito anos para florescer após o plantio, enquanto o tempo normal seria de 20 a 30 anos.

O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFSM, Jorge Farias, explica que a técnica, chamada de multiplicação vegetativa, não acontece por sementes, e sim pela coleta do material vegetativo, que são os galhos das árvores. São esses galhos que darão origem a novas mudas. “O resgate de DNA, o resgate genético, é focado nessas árvores ameaçadas, retirar material delas e reproduzir novas mudas, para que se garanta a permanência desse germoplasma, ou seja, dessa variabilidade genética. Com isso vamos conseguir ter um equilíbrio ecológico do ponto de vista da perpetuidade e da continuidade das florestas nativas”, explica o professor.

Além de favorecer o florescimento antecipado das plantas, possibilitando que espécies que normalmente demorariam anos para gerar flores e frutos o façam em muito menos tempo, a técnica também contribui para auxiliar árvores nativas que estão ameaçadas por outras razões além dos desastres naturais, como o extrativismo e o desmatamento. “Além do resgate desse material genético para preservação, vamos conseguir também desenvolver material genético para ser utilizado na ótica da conservação pelo uso, que na nossa opinião, como cientistas da engenharia florestal visando à sustentabilidade, é a melhor estratégia para garantir a perpetuidade dos nossos recursos florestais, especialmente as florestas nativas”, enfatiza Farias.

Trabalho em parceria

Lançado em março, o Reflora prevê a produção de no mínimo seis mil mudas de árvores com uso da tecnologia de resgate de DNA e indução de florescimento em espécies nativas. A iniciativa é realizada por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), em conjunto com a multinacional chilena CMPC, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), a UFV e as instituições de ensino gaúchas.  

Farias destaca a importância de a UFSM integrar esta parceria. “É muito importante esse trabalho em conjunto, pois vamos usar toda a expertise que nós desenvolvemos aqui na UFSM e vamos somar à expertise desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa para resgatar esse material genético”, destaca, acrescentando ainda que a participação das universidades públicas no projeto permite a externalização da produção científica e oportuniza novas formações técnicas e científicas aos alunos.

O Reflora terá duração de três anos, com um investimento previsto de R$ 7,5 milhões, sendo R$ 2,86 milhões da CMPC, R$ 2,34 milhões da Embrapii e R$ 2,30 milhões de contrapartida econômica da UFV. Os recursos serão aplicados no custeio de estruturas físicas (como casas de vegetação e estruturas de fertirrigação), serviços terceirizados de coleta de propágulos vegetativos (estruturas que se desprendem de uma planta adulta e dão origem a uma nova planta), compra de insumos e bolsas de pesquisa. 

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By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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