Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) identificou a presença de Césio-137 nos sedimentos do Rio Ribeira de Iguape, no interior de São Paulo — vestígios deixados por testes nucleares realizados no início da década de 1960, durante a Guerra Fria.
A pesquisa, desenvolvida pelo geógrafo Breno Rodrigues em seu mestrado na área de Geografia Física, analisou ambientes pouco alterados pela ação humana e concluiu que a radioatividade detectada tem origem no fallout atmosférico — a chuva radioativa resultante das explosões nucleares conduzidas principalmente por Estados Unidos, União Soviética, Reino Unido e França entre 1953 e 1962.
O Césio-137, um dos principais subprodutos da fissão nuclear, possui meia-vida de cerca de 30 anos e permanece detectável mesmo após seis décadas. Segundo o estudo, as concentrações encontradas são muito baixas e não representam risco à saúde, mas servem como marcadores ambientais do chamado Antropoceno — o período geológico caracterizado pela influência humana sobre o planeta.
A equipe, coordenada pela professora Cleide Rodrigues, destacou que o Rio Ribeira foi escolhido por ser um ambiente natural pouco impactado por atividades urbanas ou industriais. A análise mostrou que os traços de Césio estão distribuídos de forma descontínua, influenciados pela dinâmica natural do rio e pelos processos de sedimentação.
Rodrigues afirma que os resultados ajudam a compreender como fenômenos globais, como a precipitação radioativa dos anos 1960, interagem com os sistemas fluviais brasileiros.
A pesquisa segue em andamento no doutorado do autor, e sua dissertação deverá ser publicada ainda neste semestre.
Com informações de Agência Brasil
Foto: Breno Rodrigues/divulgação
