O mangá O Futuro que Eu Vi, criado pela artista japonesa Ryo Tatsuki, previu um terremoto e tsunami no Japão em duas ocasiões, e ambos os eventos se tornaram realidade. A autora baseou sua obra em sonhos premonitórios que começou a registrar desde 1985, publicando-a pela primeira vez em 1999. No enredo, ela antecipou um grande desastre no Japão para março de 2011, e em 11 de março daquele ano, um terremoto de magnitude 9,1 desencadeou um tsunami que atingiu a usina de Tohoku, na ilha de Honshu, resultando na morte de aproximadamente 20 mil pessoas, além de 6 mil feridos e 2 mil desaparecidos. Em uma reedição de 2021, a autora novamente esperava por uma catástrofe no país asiático em 5 de julho. No dia 29 de julho, um terremoto de magnitude 8,8 atingiu a Rússia, ativando alertas de tsunami na costa daquele país, no Japão e nos Estados Unidos – sendo este o maior tremor registrado desde o ocorrido em Tohoku em 2011. Até o momento, não houve registros de vítimas em nenhum dos locais afetados.

Na obra de Tatsuki, a previsão mais atual indicava que uma fenda poderia se abrir no fundo do mar entre o Japão e as Filipinas, causando um tsunami devastador para a região. Devido à credibilidade que a autora ganhou após a previsão de 2011, houve uma onda de cancelamentos de voos para as áreas em risco em maio deste ano. A Agência Meteorológica do Japão aconselhou a população a confiar em “evidências científicas” e a própria artista esclareceu que não se considerava uma profetisa. De acordo com a Reuters, algumas companhias aéreas precisaram cortar até 80% de seus voos devido à falta de passageiros.

Em 1999, a capa do mangá exibia a frase “Desastre massivo em março de 2011”, o que gerou uma crença entre os leitores de que a previsão da artista realmente se concretizaria.

Cancelamentos de voos no Japão

O Futuro que Eu Vi tornou Tatsuki uma figura conhecida não apenas no Japão, mas também em países como Tailândia e China. Muitos fãs acreditam que ela previu a morte da princesa Diana, de Freddie Mercury e a pandemia de Covid-19. Apesar das autoridades e especialistas afirmarem que não há fundamento científico para prever terremotos, os rumores se espalharam rapidamente nas redes sociais, impactando o turismo. A agência WWPKG, de Hong Kong, reportou que as reservas para o Japão caíram 50% durante o feriado da Páscoa e continuaram a declinar nos dois meses seguintes. A maioria dos cancelamentos veio da China continental e de Hong Kong, mas o medo se estendeu a países como Tailândia e Vietnã.

Esse temor foi amplificado por uma recomendação de um suposto vidente, que sugeriu evitar viagens ao Japão neste período. Além disso, um comunicado do governo japonês indicou 80% de chance de um grande terremoto na Fossa de Nankai nos próximos 30 anos, mas foi mal interpretado como um alerta urgente. 

Em resposta a isso, as autoridades japonesas enfatizaram que não existe tecnologia capaz de prever terremotos com precisão. O governador de Miyagi, Yoshihiro Murai, criticou a disseminação de rumores, chamando a situação de “um problema sério quando superstições prejudicam o turismo”. 

Recentemente, ao ser questionada sobre os cancelamentos relacionados a suas previsões, Ryo Tatsuki comentou ao jornal japonês Mainichi Shimbun que vê de maneira “muito positiva” a preparação das pessoas para desastres. No entanto, ela pediu que as pessoas não se deixem levar excessivamente por seus sonhos e que ajam de forma racional, baseando-se na ciência e nas orientações dos especialistas.


By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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