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Tóquio, Japão – A vila de Toshima, no arquipélago de Tokara (Kagoshima), continua registrando intensa atividade sísmica neste domingo (29), com uma sequência de tremores perceptíveis. O mais forte ocorreu às 10h14, com magnitude estimada em 4,7 e profundidade de 20 km, atingindo intensidade sísmica 4 na escala japonesa, que vai até 7, na ilha de Akuseki.

De acordo com a Agência Meteorológica do Japão, não houve risco de tsunami, mas a atividade sísmica permanece elevada na região, e a população deve continuar atenta a possíveis novos tremores.

Desde o dia 21 de junho (sábado), a região do arquipélago de Tokara tem enfrentado uma sequência de terremotos. O pico foi no dia 23 (segunda-feira), quando 183 tremores perceptíveis ocorreram em apenas um dia. No total, entre os dias 21 e 29, às 10h, já foram contabilizados 539 tremores com percepção humana — o maior número em eventos semelhantes nos últimos anos, informou a emissora NHK.

Apesar da grande frequência de tremores, a intensidade dos sismos permanece dentro dos padrões das ocorrências anteriores. Desde o dia 24, a quantidade de abalos perceptíveis vem diminuindo gradualmente, o que sugere uma tendência de estabilização. Ainda assim, tremores com intensidade 3 ou superior continuam a ocorrer, motivo pelo qual a agência recomenda manter a vigilância.

A área próxima ao epicentro atual já registrou diversas ondas de sismos no passado: em setembro de 2023, foram 346 tremores em 15 dias; e em dezembro de 2021, 308 tremores ao longo de 26 dias.

Boatos infundados sobre grande desastre
A região do arquipélago de Tokara, localizada entre Yakushima e Amami Oshima, é conhecida por sua intensa atividade sísmica. Segundo especialistas, isso se deve a fatores geológicos específicos: a placa tectônica do Mar das Filipinas está se subduzindo sob a placa continental, ou seja, deslizando para baixo da crosta terrestre do lado do continente.

Os terremotos recentes seriam resultado da liberação de tensão dentro da placa continental, causada por essa pressão constante, segundo o jornal Mainichi.

Com o aumento dos tremores, voltou a circular nas redes sociais — especialmente na plataforma X (antigo Twitter) — uma teoria popular conhecida como “Regra de Tokara”. Essa crença afirma que, após uma série de terremotos na região, um grande terremoto ocorreria em algum outro lugar do Japão.

No entanto, especialistas alertam que não há base científica para essa associação.

A origem da teoria remonta a postagens que começaram a surgir por volta de 2016. Fatos como a ocorrência de nove terremotos entre 1º e 8 de abril de 2016, dias antes do terremoto de Kumamoto, ou os 46 tremores registrados nas semanas que antecederam o terremoto de Noto, em 1º de janeiro de 2024, são frequentemente citados como “provas” da suposta regra.

No entanto, os especialistas afirmam que isso é mera coincidência. O professor associado Hisayoshi Yokose, da Universidade de Kumamoto, especialista em vulcanologia marinha, rejeita categoricamente os boatos. “Essa relação não tem qualquer embasamento científico”, afirma.

“A geologia do fundo do mar na região é bastante complexa, e isso explica a alta frequência de tremores”, disse Yokose. “Todos os terremotos registrados recentemente são de pequena magnitude, o que torna muito improvável que eles desencadeiem um terremoto de grande escala em outras regiões.”

Preparação para novos tremores
A Agência Meteorológica orienta os moradores a verificarem seus preparativos, como fixação de móveis e disponibilidade de itens de emergência. Também foram distribuídos materiais educativos reforçando medidas preventivas, como apagar o fogo imediatamente após sentir tremores.

A vila de Toshima informou que já distribuiu a todos os moradores kits de emergência, contendo alimentos, banheiros portáteis e outros itens essenciais. Além disso, escolas designadas como abrigos estão abastecidas com mantimentos e cobertores suficientes para três dias.

No caso de danos ao porto, que possam dificultar o transporte marítimo, o governo local estuda solicitar apoio da província e das Forças de Autodefesa do Japão, inclusive com uso de helicópteros para transporte de suprimentos.

“É frustrante não poder prever até onde devemos nos preparar. Tudo o que podemos fazer é conscientizar os moradores de que vivem em uma área sujeita a desastres e incentivá-los a se preparar o máximo possível”, disse o prefeito da vila, Genichiro Kubo.

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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