A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) foi informada, na manhã desta terça-feira (25), a respeito de um novo deslizamento de resíduos sólidos no lixão da empresa Ouro Verde, em Padre Bernardo.

O desmonamento aconteceu durante a madrugada dessa terça. De acordo com o Centro de Informações Hidrológicas e Metereológicas da Semad (Cimehgo), choveu por volta de 140 milímetros da região nas últimas horas, volume considerado alto.

O deslizamento aconteceu na pilha antiga, a mesma em que houve o primeiro desmoronamento, no dia 18 de junho de 2025. E não na pilha nova, formada com o que foi retirado do leito do córrego Santa Bárbara nos meses seguintes.

A exemplo do que ocorreu no primeiro incidente, dessa vez o lixo também alcançou o Santa Bárbara. Cabe lembrar que, por força de uma portaria assinada pela secretária de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Goiás, Andréa Vulcanis, o consumo de água do córrego está proibido desde o dia seguinte à tragédia.

Ainda não se sabe qual volume de lixo deslizou agora. Uma equipe da Semad vai ao local amanhã para tomar providências. É provável que haja lavratrura de novo auto de infração pelo descumprimento do dever de estabilizar o maciço.

O desastre
O primeiro desabamento aconteceu por volta das 9h30 do dia 18 de junho deste ano. Funcionários haviam notado instabilidade na pilha nas primeiras horas da manhã, o que lhes deu tempo para tirar as máquinas e evacuar a área. Portanto, não houve feridos. Como não houve notificação oficial, a Semad só soube do fato pela imprensa por volta de 15h. O lixão já havia sido autuado oito vezes desde 2016 pelo Governo de Goiás, que tentou fechá-lo sucessivamente. O empreendimento operava apenas graças a uma liminar o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

No dia seguinte, 19 de junho, a secretária de Meio Ambiente de Goiás, Andréa Vulcanis, foi ao local e tomou medidas emergenciais: decretou mais uma vez o embargo do lixão, a apreensão de cinco máquinas que estavam lá estacionadas, solicitou apoio da Polícia Militar para garantir o cumprimento do embargo, exigiu do dono um plano de ação emergencial e instalou um gabinete de crise formado por Semad, ICMBio, prefeitura de Padre Bernardo, Bombeiros e Defesa Civil.

Nas primeiras horas, a empresa não se mexeu. Além de não cumprir com deveres básicos, como o de sinalizar a área do deslizamento, apresentou à Semad planos emergenciais inconsistentes para lidar com o desastre. O gabinete de crise decidiu que não daria mais para esperar: requereu o bloqueio de bens e preparou uma intervenção. O primeiro bloqueio, reivindicado por Semad e Procuradoria Geral do Estado (PGE), resultou na indisponibilidade de R$ 17,1 milhões. Outros dois vieram em seguida, a pedido do Ministério Público Estadual e do Federal.

No dia 24 de junho, a crise se agravou. Surgiu um foco de incêndio no lixo que desmoronou. As chamas começaram a aproximadamente 150 metros do topo do aterro e a cerca de 100 metros do lixo acumulado no fundo do vale. Cerca de 24 horas depois, o fogo foi controlado.

Em julho, o governador Ronaldo Caiado chegou a decretar estado de emergência por causa da tragédia.

 

 

By Daniel Wege

Consultor HAZOP Especializado em IA | 20+ Anos Transformando Riscos em Resultados | Experiência Global: PETROBRAS, SAIPEM e WALMART

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