📅 Publicado em 22/08/2025 13h37
O livro “Alerta ao Estado Brasileiro: novos problemas atingem a saúde indígena”, do médico João Paulo Botelho Vieira Filho, é um “grito de socorro”, um verdadeiro apelo ao governo e à sociedade sobre a atual situação dos povos tradicionais. Um exemplar chegou à Redação do CORREIO enviado pela escritora Maria Virgínia Mattos, que o envio de Goiânia, onde reside.
A obra, publicada pela Editora Kelps, denuncia o extermínio de povos indígenas por conta da contaminação por mercúrio e outros metais pesados, além de abordar os novos desafios de saúde resultantes da mudança no estilo de vida e na alimentação dessas comunidades.
João Paulo Botelho Vieira Filho é doutor em Medicina e em Endocrinologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), coordena desde 1977 o projeto “diabetes em populações indígenas brasileiras” e dedica-se à saúde dessas comunidades há 60 anos, com assistência contínua a etnias como Xavante, Xikrin, Araweté, entre outras. No livro ele revela a grave situação de etnias inteiras que, em contato com o mundo industrializado, estão abandonando sua dieta tradicional e hábitos de caça e coleta. Segundo o autor, essa transição tem levado a um aumento preocupante de doenças como diabetes mellitus tipo 2, obesidade e problemas cardiovasculares.
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“Trocou-se a caça, a abertura de roças, a busca de alimentos nas matas e rios pelos piores alimentos industrializados, ultra processados, plenos de açúcares de rápida absorção e carboidratos”, afirma um trecho do livro. O texto dá como exemplo a dieta dos Xikrin, que comem carne de anta acompanhada de refrigerantes. Além de salgadinhos, pirulitos, bolos e pizzas, adquiridos com o dinheiro que recebem da Vale, sem qualquer programa educativo sobre saúde.
Contaminação por garimpo e mineração
O autor também destaca outros desafios, além da má alimentação. No livro, o médico João Paulo faz uma denúncia contundente sobre a contaminação de rios e florestas por mercúrio e outros metais pesados, provenientes de garimpos ilegais e das atividades de mineração, citando a Vale. O autor destaca que essa poluição afeta diretamente a saúde e a sobrevivência desses povos.
A obra também clama por um novo modelo de gestão da saúde indígena, que seja mais adequado às realidades locais. Vieira Filho defende medidas imediatas para minimizar os danos enquanto a transição para um novo sistema de atendimento é implementada.