Leonor Antunes apresenta sua nova exposição “A Linha que Fica Entre” na galeria Luisa Strina, em São Paulo, até 25 de outubro. A mostra revisita a primeira Bienal de São Paulo, de 1951, e dialoga com artistas como Lina Bo Bardi e Mira Schendel, explorando a contaminação estética entre gerações.
A instalação conta com um emaranhado de cordas de couro que se estendem pelo espaço, criando um ambiente imersivo. O chão, revestido em linóleo, reproduz o padrão de uma pintura de Sophie Taeuber-Arp, referência central na exposição. Antunes busca refletir sobre como o trabalho de Taeuber-Arp influenciou artistas brasileiras, como Lygia Clark, e como essa troca estética se manifesta ao longo do tempo.
Antunes descreve suas obras como “drogonas”, estruturas que reinterpretam as “Droguinhas” de Schendel em uma escala maior. Essas peças, pesadas e físicas, contrastam com a fragilidade das obras da artista suíça-brasileira. A artista destaca que suas esculturas exigem interação corporal, promovendo uma experiência única ao espectador.
Contaminação Estética
A ideia de contaminação estética permeia a exposição, refletindo sobre a migração de influências entre artistas. Antunes utiliza a corda como elemento material e conceitual, inspirando-se no mito do Minotauro, onde o fio guia a saída do labirinto. Essa abordagem cria conexões entre as obras e o espaço, desafiando uma leitura linear da história da arte.
A artista também revisita a obra de Clark, enfatizando a fluidez e a adaptabilidade de suas esculturas. Antunes defende a ideia de arte parasitária, onde as obras se ajustam ao ambiente, promovendo uma interação orgânica. Essa perspectiva é uma continuidade de sua pesquisa sobre a intersecção entre diferentes formas de arte, sem hierarquias.
Antunes, que já expôs no Brasil em 2007 e 2019, reafirma sua conexão com o legado modernista brasileiro. A exposição “A Linha que Fica Entre” representa uma nova etapa em sua trajetória, unindo passado e presente em um diálogo enriquecedor. A visita à galeria é gratuita, permitindo que mais pessoas tenham acesso a essa experiência artística inovadora.