O Vaticano divulgou hoje o itinerário da viagem de Leão XIV, que decorrerá entre 27 de novembro e 2 de dezembro, com a deslocação ao Líbano a servir para rezar em memória das mais de 200 pessoas que morreram na explosão na zona portuária de Beirute em agosto de 2020, enquanto durante a passagem pela Turquia irá assinalar uma importante efeméride com os cristãos ortodoxos.
O programa inclui vários momentos em que o primeiro papa norte-americano da história abordará as relações inter-religiosas e ecuménicas, bem como a situação dos cristãos no Médio Oriente e as tensões regionais em geral.
O seu antecessor, o Papa Francisco, tinha planeado visitar os dois países, mas morreu no início deste ano antes de o conseguir fazer. Desejava particularmente ir ao Líbano, mas a crise económica e política que abala o país impediu a visita de Francisco.
O principal motivo para a deslocação de Leão XIV à Turquia este ano é a celebração do 1.700.º aniversário do Concílio de Niceia, o primeiro ecuménico do cristianismo.
Leão XIV deixou claro, desde o início do seu pontificado, em maio deste ano, que manteria o compromisso de Francisco e tem previsto vários momentos de oração com o líder espiritual dos cristãos ortodoxos, o Patriarca Bartolomeu I.
Niceia, atualmente localizada em Iznik, junto a um lago a sudeste de Istambul, é um dos sete concílios ecuménicos reconhecidos pela Igreja Ortodoxa Oriental.
Leão XIV viajará até lá de helicóptero, a 28 de novembro, para uma breve oração junto das escavações arqueológicas da antiga Basílica de São Neófito.
Além das tradicionais visitas protocolares a dirigentes turcos e libaneses, de encontros com o clero católico e de celebrações litúrgicas, a visita de Leão XIV ao local da explosão do porto de Beirute, ocorrida a 04 de agosto de 2020, deverá ser outro dos momentos marcantes da viagem, prevista para o último dia.
A explosão devastou a capital libanesa após a detonação de centenas de toneladas de nitrato de amónio armazenadas num armazém.
A forte explosão matou pelo menos 218 pessoas, segundo uma contagem da agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP), feriu mais de seis mil e destruiu grande parte de Beirute, causando prejuízos de milhares de milhões de dólares.
A população libanesa ficou revoltada com a tragédia, associada a uma alegada negligência governamental, agravando uma crise económica provocada por décadas de corrupção e crimes financeiros.
No entanto, a investigação às causas da explosão foi repetidamente bloqueada e, cinco anos depois, nenhum responsável foi condenado.
Durante a estada no Líbano, o Papa irá celebrar uma missa na zona ribeirinha de Beirute e irá visitar algumas localidades próximas da capital libanesa, mas o itinerário não contempla vários locais, como o sul do Líbano, devastado pela guerra do ano passado entre Israel e o grupo armado xiita Hezbollah.
Embora a destruição se tenha concentrado sobretudo em comunidades xiitas, que constituem a principal base de apoio do Hezbollah, também comunidades cristãs foram afetadas, com casas, terrenos agrícolas e até igrejas destruídas. Grupos cristãos do sul do Líbano tinham apelado à visita do Papa à região.
Na Turquia, não há planos para que Leão XIV visite a emblemática e atual Mesquita de Santa Sofia, localizada no centro histórico de Istambul, como fizeram papas anteriores.
A antiga basílica patriarcal ortodoxa grega, convertida em mesquita durante o Império Otomano, era um museu aquando da visita do Papa Francisco, em 2014.
Mas, em 2020, o governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reverteu o estatuto do edifício, devolvendo-lhe a função de mesquita e reabrindo-o ao culto muçulmano. Na altura, Francisco disse estar “profundamente entristecido” com a decisão.
Apesar das obras de conservação das suas cúpulas históricas, Santa Sofia mantém-se aberta a visitantes e fiéis. Leão XIV irá visitar a Mesquita do Sultão Ahmed, mais conhecida como Mesquita Azul, próxima do local onde fica Santa Sofia.
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