A Vigilância Sanitária (VISA) de Belo Horizonte identificou, após análise laboratorial do episódio com centenas de casos de intoxicação alimentar entre os funcionários do Hospital Júlia Kubtischek, localizado na região do Barreiro, a contaminação do purê de batatas servido aos trabalhadores por uma bactéria. A informação foi confirmada a O TEMPO nesta terça-feira (25/11) pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).
Conforme o município, os exames nos alimentos recolhidos na ocasião apresentaram “resultado insatisfatório, positivo para a bactéria Clostridium perfringens“. Essa bactéria é capaz de sobreviver a altas temperaturas, inclusive de cozimento, podendo se proliferar especialmente em alimentos armazenados de forma inadequada.
“A Vigilância Sanitária (VISA) da capital repassou imediatamente as informações ao órgão de Contagem, já que a empresa responsável pelo fornecimento dos alimentos fica no município e cabe às equipes locais realizar as vistorias para avaliar as condições do local de produção e as boas práticas de fabricação”, completou o município.
O caso segue sendo acompanhado pelos órgãos da PBH.
Empresa que forneceu alimento está com contrato ativo, diz sindicato
Por nota, o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde/MG) criticou a confirmação da contaminação e denunciou que a empresa fornecedora do alimento seguiria com contrato ativo com o governo de Minas.
“O contrato segue ativo embora ela não tenha vencido o pregão e ainda cobre R$ 30 milhões a mais que a primeira colocada”, escreveu a entidade que representa os trabalhadores. “Não existe bactéria preliminar. Laudo é laudo”, afirmou a diretora Neuza Freitas.
A reportagem procurou a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela gestão do Hospital Júlia Kubitschek, que informou, por nota, que adotou “todas as medidas previstas nos protocolos sanitários e de vigilância epidemiológica”, completando que o caso também é investigado pela Polícia Civil.
Leia o posicionamento na íntegra:
“A direção do Hospital Júlia Kubitschek (HJK), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), informa que, tão logo teve conhecimento dos sintomas gastrointestinais entre servidores no dia 8/10/2025, adotou todas as medidas previstas nos protocolos sanitários e de vigilância epidemiológica.
A instituição iniciou imediatamente o inquérito epidemiológico entre os servidores sintomáticos, comunicou oficialmente o caso às Vigilâncias Sanitárias Municipal e Estadual e acompanhou a coleta de amostras de alimentos e água. A Polícia Civil também foi acionada e segue investigando o caso.
A unidade também disponibilizou ao sindicato todos os laudos de limpeza e de potabilidade da água, os certificados de higienização das caixas d’água, os registros de monitoramento, bem como as notificações formais enviadas à empresa fornecedora da alimentação.
A direção do Hospital cumpre as cláusulas contratuais que preveem os ritos de notificação e eventuais medidas punitivas e aguarda o encerramento das investigações para avaliar novas providências.
Enquanto isso, a direção tem acompanhado as ações imediatas relatadas pela empresa, como verificação interna, reforço de boas práticas, inspeção conjunta com a Vigilância Sanitária e coleta de amostras adicionais para análise laboratorial. A contratação foi conduzida dentro dos critérios técnicos e legais estabelecidos, seguindo os trâmites previstos na legislação.
O HJK prestou todo o acolhimento aos 201 servidores afetados, incluindo orientações médicas, atendimento no setor de Saúde e Segurança do Trabalho, abertura de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e monitoramento individual dos casos. Nenhum paciente ou acompanhante apresentou sintomas.
A Fhemig reafirma seu compromisso com a transparência, a segurança sanitária e a colaboração plena com as autoridades de vigilância para elucidação técnica do episódio e adoção de todas as medidas que se fizerem necessárias para garantir a segurança da comunidade hospitalar.”
Relembre o caso
No dia 8 de outubro deste ano os funcionários da unidade de saúde começaram a apresentar casos de gastroenterite. Até o dia seguinte, o número de profissionais com os sintomas, que incluem diarréia, náusea e vômito, chegou a 200.
O grande número de profissionais afastados chegou a comprometer o atendimento aos pacientes. “A sobrecarga está demais. A demanda aqui é alta, com quase 100% dos leitos ocupados. Os servidores estão sendo remanejados de setores para ajudar nos atendimentos”, contou na época, sob anonimato, uma funcionária da unidade.
Diante da suspeita de contaminação, a Vigilância Sanitária recolheu amostras de alimentos servidos aos trabalhadores no restaurante do Hospital Júlia Kubitschek e, também, da água fornecida no local. Agora, o resultado dos testes foi divulgado com a confirmação da contaminação pela bactéria no purê.
