O julgamento que analisa a responsabilidade da mineradora BHP pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), foi encerrado nesta quarta-feira (13) em Londres. No entanto, o tribunal britânico ainda não definiu uma data para a divulgação do veredicto.
A ação representa mais de 600 mil pessoas afetadas pelo desastre ocorrido em 2015, quando 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram despejados no Rio Doce e no Oceano Atlântico, resultando na morte de 19 pessoas e impactando centenas de comunidades.
Diante do tribunal em Londres, brasileiros se reuniram para exigir justiça. Enquanto isso, advogados da acusação solicitaram uma indenização de aproximadamente R$ 270 bilhões, valor bem acima dos R$ 132 bilhões acordados entre mineradoras e o governo brasileiro em outubro de 2024. Enquanto 15 prefeituras aceitaram o acordo no Brasil e deixaram a ação na Inglaterra, outras 31, incluindo Mariana, optaram por seguir no processo internacional.
O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, contratado para auxiliar na acusação, criticou a negociação firmada no Brasil, alegando que as vítimas e prefeituras não foram devidamente consultadas. “Não é possível que prefeitos e vítimas fiquem de fora de uma negociação que define o futuro dessas comunidades”, declarou Cardozo.
A BHP tentou impedir o julgamento no Reino Unido, mas não teve sucesso. No entanto, a mineradora obteve uma vitória parcial quando o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que municípios brasileiros não poderão utilizar eventuais indenizações para pagar honorários advocatícios no exterior.
Em nota, a BHP declarou que já ofereceu assistência a mais de 400 mil pessoas e defendeu que as negociações no Brasil são a melhor solução para o caso. A empresa alertou que o processo na Inglaterra pode levar anos até um desfecho final.
Enquanto isso, milhares de pessoas aguardam uma resposta definitiva sobre a maior tragédia ambiental da história do Brasil.